Das mãos de Daniel, o Piauí, já saiu prêmio de R$ 16 milhões

19 fevereiro 2018 | Gente que inspira

 

Era um jogador assíduo. Mas já havia comprado seus bilhetes no dia anterior.

Só topou porque eram as últimas apostas de Daniel, já cansado depois de um dia todo de vendas na cidade de Mauá.

Nem acertou à vista. Pegou no sábado para pagar na quarta-feira.

Quando pagou, já era milionário.

Foi o maior prêmio que já saiu das mãos de Daniel Galvão, o Piauí, quase 20 anos atrás: R$ 16.346 milhões. O vencedor, além de pagar o bilhete, deu ao vendedor uma recompensa financeira em forma de agradecimento.

Foi o suficiente para melhorar a vida de Daniel, abrir seus caminhos e reforçar sua esperança.

Todos os dias, ele faz um joguinho. E, há mais de 20 anos, aposta nos mesmos números da Mega.

O maior prêmio que ganhou foi R$ 11 mil. Tem certeza de que, um dia, acerta no milhar igual ao jogador dos 16 milhões.

Daniel acredita que todo mundo tem um dia de sorte na vida. Sua missão, então, é ajudar esse dia a chegar? Quem há de saber!

Sabe muito bem, porém, o motivo que o faz continuar vendendo jogos de loteria pelos bares e restaurantes de Ribeirão Preto. Na cidade, são 17 anos de vendas. Começou bem antes, aos 11 anos de idade, pelas ruas de São Paulo.

– Eu amo o que eu faço. É um trabalho que eu faço com paixão. Saio leve e volto leve!

O que faz Daniel continuar depois de 37 anos de vendas é o carinho que coloca em cada bilhete que vende.

Cheio de orgulho, ele conta que vendendo bilhetes de loteria conquistou casa própria, carro e criou os três filhos.

– Eu vou andando na rua e o pessoal vai me chamando: ‘Ô Piauí’. Sou recebido em todo lugar de Ribeirão. Não tem um bar em que eu não possa entrar. Não pude estudar, mas consegui uma profissão boa! Tenho orgulho da minha profissão.

Daniel Piauí vendedor de Lotofácil Ribeirão Preto História do Dia

Daniel nasceu no Piauí, perdeu a mãe ainda criança e foi criado pela avó.

Entre os 10 irmãos, diz que um único não seguiu a área de jogos. Todos os outros são vendedores de loteria ou de outros jogos.

Ele começou no jogo do bicho aos oito anos, ajudando um tio. Fala que, na época, em solo piauiense, o jogo era permitido.

Quando tinha 11, a avó que lhe criava faleceu e os irmãos, que já viviam em São Paulo vendendo jogos de loteria, mandaram lhe buscar.

– Eu cheguei no domingo e na segunda já comecei a vender.

Vendia em São Paulo e na região metropolitana, como Mauá, onde o grande prêmio saiu.

Em 2001, já casado e pai, decidiu trazer a família para morar em Ribeirão.

Desde então, frequenta os bares e restaurantes de norte a sul da cidade todos os dias para vender seus jogos.

Sai de moto da Vila Virgínia, onde mora, até a região onde vai vender. Estaciona e vai caminhando pelos estabelecimentos.

Os horários de venda são no almoço e a partir das 17h. Por dia, vende, em média, 50 bilhetes. Mas diz que aos sábados o número cresce.

– Hoje todo mundo me conhece! Tenho amizade com pessoas de todo tipo: dos jovens até aos mais velhos.

Conta a história de quando o irmão enfartou e só conseguiu se salvar porque Daniel conhecia os médicos da unidade de saúde, que lhe atenderam sem qualquer espera.

– As portas sempre se abrem!

Diz que 70% das vendas são para os mesmos jogadores e que, assim como ele, muitos ribeirão-pretanos jogam diariamente.

Além das vendas em Ribeirão uma vez por semana ele viaja a São Paulo, onde vende bilhetes para a clientela antiga – e fiel.

Depois do prêmio de 16 milhões, já entregou outros muitos na casa dos R$ 50 mil, R$ 100 e até R$ 300 mil.

– Eu acredito que é sorte mesmo. O dia que está para aquela pessoa.

Lembra a data exata em que o irmão, que também é vendedor de loteria, acertou os números e ganhou uma bolada: 29 de janeiro de 1994.

Arrumou a vida e, mesmo assim, continuou as vendas. A profissão é paixão de família.

Daniel Piauí vendedor de Lotofácil Ribeirão Preto História do Dia

Para Daniel, vender não é coisa que se possa fazer de qualquer jeito.

– Em primeiro lugar, o bom vendedor não pode chegar triste. Tem que estar contente. E saber a hora de abordar. Dependendo do humor da pessoa, eu falo uma coisa. Já fiz gente mal humorada ficar feliz!

Bom humor, aliás, é marca registrada nos seus bilhetes.

 – A vida é uma coisa passageira aqui na terra e a gente tem que ser feliz. A felicidade só depende de você. Se você já começa o dia mal humorado, não vai ser feliz!

Diz que, todos os dias, agradece pelo que tem. E mostra que no simples estão os grandes ensinamentos.

– Eu agradeço todos os dias a Deus por ter me dado essa profissão!

Com tanto amor pelo que faz, já é de se imaginar: quer continuar até quando a sorte deixar.

– Não pretendo parar, não. Até quando Deus me levar, eu vou vender meus jogos!

Uma vez ao ano, tira férias e vai para o Piauí visitar a família.

Passa 15 dias:  tempo máximo que consegue ficar sem trabalhar. Com timidez, confessa que é orgulho de todo mundo por lá.

Apesar de ser um dos irmãos mais novos, é aquele a quem todo mundo recorre na hora dos problemas. E não reclama.

– Eu me sinto realizado por tudo.

Bom humor, Daniel bem sabe, é trevo de quatro folhas.

Qual a boa aposta de hoje?

 

 

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