Faculdade abriu para Matheus os caminhos do próprio negócio

28 julho 2017 | Gente que inspira

[vc_row][vc_column][vc_column_text]Esta história foi indicada por Regina Picadinhos, patrocinadora do História do Dia.

 

A faculdade era um sonho que Matheus quase desistiu de realizar.

O menino que nasceu e cresceu na periferia de Ribeirão Preto e começou a trabalhar aos 16 anos tinha um tantão de ideias, mas não sabia como começar.

O ensino superior só foi possível porque, depois de tantas tentativas que perdeu as contas, conseguiu bolsa de 50%. A contrapartida era desenvolver um projeto social.

Dando aulas de música para crianças moradoras de uma favela de Ribeirão Preto, Matheus se formou administrador de empresas e não esperou um mês sequer.

Como conclusão do curso, investiu tudo o que pôde e montou seu próprio negócio.

Driblou a insegurança com todo o planejamento que havia aprendido nos anos de estudo.

Hoje, é dono de uma loja de queijos e vinhos no Novo Mercadão de Ribeirão Preto, tem 12 funcionários e planos de franquia para o futuro.

Com o que aprendeu, incentivou a família. Os pais também abriram um negócio no local e viram a rotina mudar.

– Meus pais nunca tinham nem sonhado em andar de avião. Agora, fizeram uma viagem, compraram casa e carro próprio.

O aprendizado foi o único caminho possível. Matheus Torres de Araujo acredita que ainda é.

– Com trabalho, força de vontade e estudo a gente consegue tudo o que quiser.


 

Matheus nasceu em Ribeirão Preto, filho de pais vendedores, o mais velho entre duas irmãs.

Aos 13 anos, ajudava o tio, dono de uma loja no Mercadão Municipal do Centro de Ribeirão, sem saber que sairia dali a inspiração do seu negócio.

Aos 16, começou a trabalhar como serviços gerais em indústria química. Precisou sair dois anos depois porque os produtos estavam prejudicando a saúde.

Foi, então, contratado para trabalhar com vendas.

Entre o emprego formal e a escola, arrumava um bico e outro para ajudar nas despesas: tocava cavaquinho em uma banda nas noites, vendia coisas, dava um jeito.

Quando chegou a época do vestibular, já sabia que não teria condições de pagar a mensalidade na íntegra. Procurou algumas faculdades, mas não encontrou portas abertas.

A instituição que abriu as portas estava começando suas turmas. A proposta de desenvolver um projeto social foi aceita sem dúvidas.

Matheus passou dois anos dando aulas de cavaquinho para crianças de uma favela e aos domingos participava de projetos esportivos.

– Eu sempre gostei de música. Poder dar aula de música para as crianças foi bom demais!

Como conclusão do curso de administração, os alunos tinham que pensar um modelo de negócio.

Enquanto a maioria tentou inventar algo que ainda não existia, Matheus buscou inspiração na loja do tio.

Começou a criar, já disposto a colocar em prática.

Matheus Empório do Queijo Novo Mercado Municipal de Ribeirão Preto

Quando Matheus avisou na empresa que estava pedindo demissão para montar o próprio negócio, a surpresa tomou conta.  “Você está louco?”, foi a pergunta que mais ouviu.

Fazia cinco anos que ele trabalhava na área de vendas. “Mas você vai perder tudo o que trabalhou?”, foi a segunda pergunta mais ouvida.

Matheus, que na época tinha 25 anos e acabara de se formar, estava bem certo da decisão. E sentia que estava a ganhar – não o contrário.

A loja que recém montara já dava sinais de crescimento. E ele precisava se dedicar.

Diz que fez tudo com muito planejamento.

Como o negócio foi o trabalho de conclusão de curso da faculdade, não faltou pesquisa de mercado, orçamento bem detalhado, plano de negócios.

A inspiração veio da loja que o tio tinha, mas Matheus decidiu buscar mais ideias fora. Ia toda semana para São Paulo, com os vendedores de roupa que saiam de ônibus na madrugada, e passava o dia no Mercadão.

Chegou a vender roupas para ajudar nas despesas e pagar a viagem. E trabalhou de graça em uma das principais lojas de bacalhau no mercadão paulista, para aprender o segredo da delícia que atrai gente de todo o interior.

– Tudo o que é planejado tem mais chances de dar certo.

Matheus sabia, também, que poderia dar errado.

– Se desse errado, o jeito seria voltar para o mercado de trabalho.

E os caminhos pareciam se abrir.

Ao mesmo tempo em que ele pensava seu modelo de negócio, as obras do Novo Mercadão eram finalizadas. Estava certo de que ali seria o local ideal.

Conta que, quando buscou a imobiliária para alugar o ponto, foi recebido com olhares tortos.

– Eu tinha 25 anos. As pessoas achavam que eu era um aventureiro, que não ia dar certo…

Viu fechar muitas das lojas que abriram junto com a sua, na inauguração do Mercadão, em 2008. E segue firme.

Matheus Empório do Queijo Novo Mercado Municipal de Ribeirão Preto

Hoje, Matheus está com 34 anos e a loja completa nove.

O que era um box apertado se transformou em cinco, com 12 funcionários e projetos de expansão em franquias.

No mês passado, o Novo Mercado recebeu o título de ponto turístico de Ribeirão Preto, com comemoração dos comerciantes.

– No começo foi feito um marketing negativo. Diziam que o mercadão era para o público A, e não é isso. Aqui tem produtos para toda faixa de preço, todo tipo de consumidor.

Há cinco anos, ele não tira férias.

Diz que recentemente reduziu um pouco a rotina de segunda a segunda, trabalhando quase 12 horas por dia.

Mesmo com a redução, acompanha o dia-a-dia da loja com afinco. Atende clientes, repõe mercadoria, “põe a mão na massa”, como diz.

– Muitos negócios fecham por falta de dedicação. Se o negócio é seu, você precisa se dedicar mais ainda.

Antes de todos os planos de expansão – que são vários – pensa no futuro próximo.

– O plano é tirar férias!

Matheus diz – e demonstra – que está realizado.

– Eu nem sei o que eu quero mais da vida. Conquistei meus sonhos!

O estudo foi o caminho possível. E Matheus não tem dúvidas de que ainda é.

 

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1 Comentário

  1. Nara Lemos

    Parabéns por sua determinação em concluir seus estudos e realizar seus objetivos. Exemplo de perseverança.

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