Daniel Deline é formado em Engenharia de Produção. Quando alguém pergunta: “E por que você mudou de área?”, vai logo respondendo:
– Não mudei. Estou aplicando o que aprendi no meu próprio negócio.
Desanimado com o trabalho em uma grande empresa, decidiu vender brigadeiros e doces. Escolheu como ponto de vendas o Calçadão de Ribeirão Preto.
De avental e chapéu de confeiteiro, há cerca de três meses vende seus doces andando por ali.
– Eu poderia até lucrar mais na porta de uma faculdade, por exemplo. Mas aqui eu posso conquistar uma clientela a longo prazo. No Centro passam pessoas de todo tipo!
É ele mesmo quem produz os doces. Conta que fez um curso em Gramado antes de começar a empreitada.
Agora, então, a rotina é acordar às 6h para fazer os brigadeiros e estar às 10h30 no Calçadão para as vendas, que têm sido de 80 a 100 doces por dia.
O que faz do local seu preferido é mais que o comércio, porém.
– Trabalhar dessa forma me permite conhecer pessoas, conversar, compartilhar. É uma troca!
Bem por isso, quer continuar firme com o negócio que começou. Planos – e sonhos – de crescimento não faltam!
Dos 12 aos 17 anos, Daniel conta que investiu em um sonho comum entre os amigos da mesma idade.
– Como muitos meninos brasileiros, tentei ser jogador de futebol.
Decidiu parar quando percebeu que as chances de crescer nos campos eram pequenas.
– Foi de forma racional. Em um campeonato, eu observei meninos mais novos jogando igual ou melhor do que eu. Decidi parar e comecei a estudar.
Pensava em fazer faculdade de Administração de Empresas, mas pesquisando se encantou pela engenharia.
– Ela traz um leque maior para se pensar fora da caixa.
Já durante o curso, começou a fazer estágios. E foi percebendo as dificuldades da área.
– Para mim, não havia valorização. Eu fazia trabalhos de engenheiro, mas, mesmo depois de formado, não era contratado e remunerado como tal.
Completou 23 anos há cerca de um mês. Recém-formado, conta que teve todo apoio da esposa – com quem tem um filho de um aninho – para arriscar.
– Eu estava muito desmotivado na empresa. Eles iam mandar embora e, então, fizemos um acordo. Eu fazia sem amor. Quando é assim, o casamento com a empresa acaba.
Quando a demissão veio, ele já havia feito o curso de “mestre brigadeiro”, lido um tantão de coisas sobre empreendedorismo e se inspirado em uma doceria de Curitiba para as primeiras ideias.
Em tão pouco tempo, já tem uma conclusão:
– Como eu tenho os conhecimentos da engenharia de produção, consigo comprar bem e vender por um preço competitivo. Consigo tirar mais do que no emprego formal.
Daniel tem, então, uma lista de sonhos para o “Dom Brigadeiro – Doces Gourmet”.
Quer se tornar um distribuidor de doces.
– Se a pessoa está desempregada, ela pode pegar meus doces e vender em um determinado local da cidade que eu não atendo. Assim, as outras regiões vão conhecer o brigadeiro, eu vou ganhar mercado e a pessoa terá a remuneração dela! Eu penso em crescer! Por que não?
A principal motivação, ele não esconde, é a vontade de ser dono do próprio nariz.
– Eu acho muito difícil trabalhar para os outros porque penso muito fora da caixa. Se eu não concordo com alguma coisa, faço do meu jeito.
Foi assim que, meses atrás, surgiu a primeira nuvem de pensamentos para o próprio negócio.
– Um supervisor veio me dar uma bronca e falou: “Abra sua empresa e faça como você quiser!”. E eu pensei: “É isso!”.
Gabriel sabe que tem um caminho longo pela frente. E que empreender é vencer um novo desafio a cada dia. Garante, porém, que está preparado.
– Não há problemas em mudar a rota. Vou tentar para ver se vira. Se não virar, pelo menos eu tentei.
Para os dias mais azedos, sabe uma receita infalível: leite condensado, chocolate, manteiga. Pronto: tudo está mais doce!
Assine História do Dia por R$ 13 ao mês ou faça uma doação de qualquer valor AQUI.
Nos ajude a continuar contando histórias!
0 comentários