Vale a pena ler de novo! História publicada pela primeira vez em 19 de fevereiro de 2017!
Entre as tantas histórias que seus 83 anos escreveram, Juvenal Crozariollo escolhe a de amor.
– Essa história precisa ser contada!
Cresceu na roça, começou a trabalhar aos sete anos e com 12 tinha sua própria sapataria, ofício que desempenhou por quase sete décadas.
Cantor, palhaço, ritmista, atleta: não tem modéstia ao enumerar suas habilidades.
Jogou bola a vida toda e, depois dos 60, descobriu a corrida. Ganhou tanta medalha que perdeu as contas. Correu treze maratonas Brasil afora.
Hoje, 83 anos, não toma um remédio sequer, não perde um baile no clube e revive o amor da adolescência. De tanta paixão, escolhe essa história para contar. E não muda de opinião.
– Eu amei essa mulher a vida inteira!
Tem suas justificativas.
Juvenal e a amada começaram a namorar aos 14 anos, na cidade de Penápolis, onde cresceram. O namoro era não mais que a troca de olhares, muito bem escondida. O pai da moça era bravo e Juvenal preferia não se arriscar.
Foi assim até quase completarem 18. A família dele resolveu mudar para São Paulo e era preciso dar um rumo para aquele amor.
Juntou toda a coragem que tinha e foi a cavalo na casa da moça. Conta que levava uma hora de viagem para chegar. Ouviu o “sim” do pai, e a distância da volta ficou pequena.
Namoraram por quatro anos a distância: ele em São Paulo, ela em Penápolis. A comunicação era por carta e os encontros presenciais ocorriam uma vez ao ano.
Quando já estavam noivos, um destempero sem concerto.
Ela mandou a carta, Juvenal demorou a responder e na pacata cidadezinha corria a notícia de que o noivo tinha outra namorada na capital.
– Tinha muito fuxico. Ela me mandou uma carta com 16 páginas e lamentou tudo o que ocorreu nos oito anos de namoro.
Não teve desculpa ou meios de fazer a moça mudar de ideia.
O jeito foi seguir com a vida.
Ela se casou e Juvenal também. Ela teve dois filhos, ele três. Ela construiu a vida em São Paulo, ele em Ribeirão Preto. Juvenal diz que ela nunca mais quis vê-lo. Ele continuou a buscar notícias.
– Eu fiz questão de saber da vida dela. Nunca a esqueci.
Há dois anos, eles ficaram viúvos e Juvenal começou a buscar pelo laço perdido. Descobriu que a amada estaria em uma festa na cidade onde tudo começou, e partiu.
No dia do encontro, ela sequer lhe dirigiu o olhar. Mas, no dia seguinte, buscou contato.
Começaram a se falar por telefone. Ele conta que a primeira conversa durou horas: era muita história para pôr em dia!
Se encontraram algumas vezes, trocaram celular e ele está aprendendo a usar Whatsapp só para trocar com ela fotos e “bom dia”.
Juvenal jura que nunca, nunquinha em 69 anos de história, beijou sua amada. Mas não lamenta.
– Eu gosto dela, e ela de mim. Ela acha que ainda é cedo. E nossa amizade me satisfaz plenamente.
Sente que, agora, amarrou as pontas que estavam abertas.
– Senão, seria sempre uma carga pesada. Saber que tive uma pessoa que amei a vida inteira e sequer quis me ver…
Depois que a entrevista termina, mostra as fotos da amada no celular e canta uma música para ela, sem antes se certificar:
– Vai sair? Ela vai adorar!
Faz sua declaração à amada e deixa a lição: para amar, há sempre tempo.
– Tu és divina e graciosa, estátua majestosa do amoooorrrr!
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