Laura nasceu prematura, com 585 gramas. Hoje, esbanja saúde e alegria

17 fevereiro 2017 | Gente que inspira

Laura descobre a bicicleta do coleguinha de parque e, sem se importar se o brinquedo é para crianças maiores, encontra um jeito de subir. Coloca um pé, depois o outro e vai aprendendo a pedalar.

– É a primeira vez que ela sobe em uma bicicleta!

Os pais comemoram mais uma conquista de cada dia. Trocam os desafios de ontem pelas alegrias que hoje, aos dois anos, a filha esbanja pela vida.

Laura nasceu com 585 gramas, 32 centímetros, na 26ª semana de gestação: prematura extrema. A pressão da mãe subiu demais e a pequena não teve tempo de se preparar. Era preciso nascer!

Veio ao mundo sem conseguir, sequer, respirar sozinha.

Foram 118 dias de hospital – 94 deles na UTI –, uma cirurgia no coração, infecções repetidas, hemorragias.

Laura, tão pequenina, aprendeu a ser gigante.

– Parecia que o dia da alta nunca ia chegar.

É a mamãe, Nayara Caetano quem relembra. Ela e André Carraschi, pai da Laura, moram em Jaboticabal. A pequena, porém, ficou internada em Ribeirão Preto e foi preciso uma maratona dos dois.

Nayara tirou licença no emprego, se alojou na casa da irmã e não saia do lado da filha.

Quando a alta, enfim, chegou, comemoraram como um novo nascimento.

Laura conheceu o quartinho de corujas que lhe esperavam ansiosas com três meses e meio de vida, 1,9 quilos e uma tonelada de força.

 

No mês passado, dia 3, Laurinha comemorou dois anos com muita festa. Ainda não sabe falar e andou com um ano e três meses, pouco depois da maioria das crianças. Detalhes que somem entre tanta conquista.

– Cada criança tem seu tempo. A prematuridade ensina isso.

Nayara conta, com sorriso que extrapola a bochecha, que a filha já sabe tomar mamadeira sozinha e não quer dormir no colo.

Apesar da estatura menor, Laura acompanha a turma da mesma idade na escolinha. Ela vai à escolinha! É o que a mãe conta primeiro, explodindo de orgulho.

– A gente comemora todos os detalhes e, assim, tem ainda mais a comemorar. O que para todo pai é a coisa mais normal do mundo, para a gente é uma conquista. Ela não conseguia respirar sozinha, e hoje faz tudo isso!

A pequena é acompanhada de perto pelo pediatra, mas já não precisa de fisioterapia, terapia ocupacional e outras tantas coisas que antes precisou. Desenvolveu miopia, pelo longo período usando oxigênio no hospital. E se adaptou aos óculos como se adapta a cada nova fase.

O pai brinca:

– Logo vai estar na faculdade de Medicina!

Certo de que a brincadeira tem um bom tanto de verdade. Não sabe se Laurinha vai querer ser médica ou qualquer outra coisa. Mas sabe que a pequena já é tão grande quanto todos os sonhos que ainda vai ter.

– Ela ensina a gente todos os dias. Hoje já não temos mais a preocupação: será que ela vai conseguir fazer isso? Ela consegue!

É a mãe quem diz, enquanto a filha está desbravando a casinha do parque. Entra pela porta, aparece na janela e já passa para o outro lado.

– O que a gente quer é ver ela feliz!

Laurinha mostra que já é.

 

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3 Comentários

  1. Adriana Dorazi dos Santos

    Filhos, um curso prático e intensivo para aprender a amar muito além de nós mesmos. Parabéns Dani, sua sensibilidade ao escrever nos emociona. Lindo.

  2. Thaís Vidoi

    Me emocionei pois estou passando por isso. Meu filho nasceu com 705gramas hoje faz fisioterapia e é acompanhado por neurologista. Tenho muita fé que ele vai ser bem esperto. Parabéns mamãe, a Laurinha vai ser médica sim, amém!

  3. André Caraschi (pai da Laurinha)

    Não precisa nem falar que chorei novamente ao ler nossa história. Dani você foi demais neste texto, trouxe todos as nossas emoções nele. Parabéns, se Deus quiser, iremos comemorar muitas conquistas desta nossa pequena guerreira e você estará junto a nós para escreve-las. Obrigado!!

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