Luis tem 27 anos, é dono da própria empresa, um dos nomes do empreendedorismo na região de Ribeirão Preto e avisa:
– Se eu me sinto realizado? Não! Nem um pouco! É só o começo!
É sábado, 10h, e ele já está na empresa para a entrevista. Diz que chegou bem cedo e já adiantou o que precisava para conversarmos com tranquilidade.
Não sabe que horas vai para casa.
– As pessoas querem tem o próprio negócio para não ter que prestar contas a ninguém. Você tem que prestar contas o tempo todo! Para o fornecedor, o cliente, para os funcionários. Você não vai ter um chefe: vai ter uns 60 chefes!
Luis Fernando Câmara conheceu cedo as dores e delícias de ser dono do próprio negócio.
Um lanche. Foi o primeiro passo do caminho.
Conta que os amigos iam comer um lanche e ele não tinha dinheiro para acompanhar. Ficou tão chateado com a situação, que decidiu agir.
Tinha 11 anos.
Passou a vender picolé pelas ruas de Cravinhos, cidade onde nasceu.
Vendia a R$ 0,50 e ficava com R$ 0,20 de lucro.
– A impotência foi substituída pela satisfação. Percebi que só dependia de mim.
A ação passou a ser parte da rotina.
Aos 17 anos, então, abriu seu próprio negócio. O irmão era farmacêutico e Luis teve a ideia de empreender com farmácia própria.
Conta que, no começo, sem verba para investir, as prateleiras eram forradas de caixinhas de remédio vazias, para dar a impressão de um farto estoque.
– Eu trabalhava 16 horas por dia, de domingo a domingo. Não sabia nem o que era feriado.
Quando resolveram montar a segunda farmácia, três anos depois, Luis decidiu que era tempo de aprender.
Começou a buscar grandes empresários do ramo que pudessem compartilhar orientações.
Só encontrou portas fechadas.
E decidiu, então, dar um passo maior. Gigante!
Viu na revista Forbes quem eram os maiores empresários do Brasil e mandou email.
Foi convidado para conhecer o Eike Batista e recebeu todas as orientações que pôde do Paulo Jorge Leman.
– Isso me inspirou!
Além das duas farmácias, abriu também uma empresa de vendas diretas, entrou na faculdade de farmácia e continuava à frente das duas unidades.
A oratória surgiu de um amigo, sócio de Luis na empresa de vendas diretas. Achou que seria bom treinar os funcionários e, Luis, meio a contragosto, aceitou.
– Nós fizemos e eu achei fantástico.
Não pensou meia vez antes de montar uma empresa de eventos empresariais, que em 2014 foi transformada em um centro de capacitação focado em oratória.
– Eu fui para fora do país conhecer projetos de oratória e voltei decidido a deixar a farmácia e montar a primeira rede de oratória do Brasil.
Luis tinha, então, 24 anos.
A primeira escola foi em Cravinhos, com 400 alunos.
Em 2016, já com sede em Ribeirão Preto, a empresa contava com 1,6 mil matriculados, tinha a equipe de Jorge Paulo Leman como alunos e 20% das ações compradas por Eike Batista.
Hoje, abre sua primeira filial e se prepara para a segunda.
– A gente tem muito preconceito com a palavra ambição porque se confunde com ganancia. Temos que ter ambição. Pessoas ambiciosas constroem o mundo e nem por isso são gananciosas.
Luis não esconde. Quer, sim, ganhar dinheiro com seu trabalho.
E explica o que entende por lucro.
– O lucro é importante para se criar produtos transformacionais. Em busca de lucro, coisas boas são geradas para a sociedade.
Alerta, entretanto: tudo que é feito visando apenas o lucro financeiro tem grandes chances de naufragar.
– As pessoas querem empreender por status. Mas os bastidores são dolorosos. Quando você empreende, fica muito tempo sem ganhar dinheiro. Então, se for só pelo dinheiro, não aguenta empreender. O dinheiro é consequência.
Diz que, a cada 10 startups que abrem no Brasil, oito fecham as portas. E tem seu palpite sobre os motivos.
– Não há performance comercial. Tem que ter um conceito. Não adianta apenas o produto ser legal. E é preciso se reinventar. O tempo todo!
Ele também se reinventa. Acredita que ser chefe é estar o tempo todo bem. É preciso motivar quem está em volta. Mesmo quando, por dentro, não há motivação.
– Todo mundo tem problemas. Se o dia não está bom, eu tento tirar o foco do problema e me conectar com o meu foco, meus motivos. E saber que, se eu superar, vou continuar cumprindo minha missão aqui na terra.
O foco é espalhar a oratória Brasil afora.
– O sonho é gerar bastante emprego, com uma empresa do bem. A gente transforma as pessoas. Cria produtos transformacionais.
Afirma, mais de uma vez, que está só começando.
O menino de Cravinhos que aprendeu a empreender vendendo picolé tem certeza de que tudo que precisa está dentro de si.
E segue!
Crédito das fotos: Ana Falcão
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Eu digo que o Luís tem, brilho no olhar, está sempre alegre,e tem paixão pelo que faz. Por isso ele vai Longe
Luiz Fernando é tudo isso, e muito mais. Tem orgulho da sua história mas, a cada dia, constrói sua nova história de evolução e novos aprendizados diários. Crescer é enxergar o que quer no futuro e construir a energia diária para chegar lá.
Que bacana, adorei conhecer a história do Luiz!!