Vale a pena ler de novo! História publicada pela primeira vez em 4 de dezembro de 2017.
– O que a Eva é sua Matheus?
– Meu amor!
– E quem é seu super herói?
– A Eva!
– O que você tem para falar dessa sua mãe?
– Eu não tenho palavras!
Matheus tem todas as respostas na ponta da língua. Gosta mesmo é de perguntar, porém. Pergunta minha profissão, meu time e nem precisa perguntar meu nome porque estava atento à conversa que eu tinha com a sua mãe.
– Dani, olha o gol!
Me conta do seu aniversário de 10 anos, celebrado em outubro no campo de futebol com bolo, bola e amigos. E joga futebol na sala de casa, com a prima de goleira.
Quando nasceu, Matheus Chivite recebeu uma lista com mais de 15 diagnósticos que lhe tiravam as possibilidades de se desenvolver.
– Os médicos diziam que ele iria vegetar. Que não iria comer, falar, nada.
Nasceu prematuro, na 23ª semana de gestação, pesando 635 gramas. Passou oito meses internado, a maior parte do tempo na UTI.
Hoje, vai de um lado ao outro da sala empurrando e inundando a casa com sua gargalhada.
– Era desenganado por todos, menos por Deus.
É Eva Chivite, sua mãe super herói, quem diz.
Não foi a barriga dela que lhe abrigou. Mas é ela quem sabe sobre os choros e conquistas do bebê.
Matheus, em sangue, é filho de um sobrinho de Eva. Os pais biológicos, porém, entregaram o bebê para Eva cuidar, de papel passado.
– Ele ficou oito meses internado no HC e eu não o conheci. A avó dele me dizia para levar um padre para batizá-lo porque ele poderia morrer a qualquer momento.
No dia da alta, Eva foi buscar Matheus junto com seus pais.
– Eu me apaixonei por ele. Sentia que ele precisava de mim.
Batizou o pequeno e passou a acompanhar de perto. Matheus ficou com os pais biológicos por cinco meses, passando por internações constantes.
A última delas durou de 5 a 22 de dezembro de 2008. Quando a alta veio, o sobrinho ligou e pediu que Eva ficasse com Matheus.
Ela entendeu – e ainda hoje é assim – como um presente.
– Deus me deu o Matheus. Ele é um verdadeiro milagre.
Diz que Matheus nunca mais precisou se internação.
Eva tem 59 anos, é casada, tem três filhos biológicos e dois netos. A adoção do Matheus foi em família. O apoio, ela conta, vinha e veio de todos os lados.
O marido é mecânico e ela trabalhava como babá quando Matheus chegou. Largou o emprego e soube que precisaria de muita luta para dar ao filho tudo o que ele precisa.
– Tudo o que o Matheus tem foi com luta.
Precisou acionar a Justiça, através da Defensoria Pública, para garantir todos os direitos do seu filho: medicamentos, transporte, fraldas.
Também precisou lutar para que os médicos tirassem a sonda de Matheus, quatro anos atrás. Lê a carta que escreveu para a diretoria do hospital.
O impasse foi que Eva já alimentava Matheus por boca e o médico achava que a alimentação tinha riscos.
– Ele disse que eu estava matando meu filho. Eu queria mostrar o Matheus para ele hoje.
Matheus vai à escola regular todos os dias. Frequenta a Apae, faz equoterapia e fisioterapia. A conquista que a mãe espera para os próximos dias é que ele consiga andar.
– Ele não é uma criança deficiente. É uma criança com limitações, que precisa ser respeitada, como todas.
A dificuldade, entretanto, não o impede de jogar o tão amado futebol. Vai se arrastando pela sala e fazendo gols com o corpinho.
A prima, Maria Clara, é a companheira de bola e, ele logo avisa, sua melhor amiga.
– Eu fui mostrando a ele o que é o amor. Porque o amor é cura.
A fé de Eva é feita de amor.
Matheus é um menino cheio de sonhos.
Quis conhecer o cantor de música gospel que tanto gosta: Eva levou.
Quis conhecer os jogadores do São Paulo que torce: Eva fez até amizade com o time, que sempre recebe Matheus quando passa por Ribeirão Preto.
Quis aniversário no campo de futebol: Eva – e as amigas que tanto dão força – conseguiram realizar.
– Tudo que é para o bem dele eu procuro fazer. Eu tenho um compromisso com ele e vou até o fim.
Agora, Matheus quer ir cantar no programa do Luciano Huck. Ensaia em frente à TV, cantarolando músicas religiosas. E também planeja conhecer o CT do São Paulo.
– Eva, eu que sou o rei!
Diz, quando a mãe está a contar que com os jogadores do São Paulo ele é tratado como rei.
Eva sonha junto com o filho. E sonha pelo filho.
– Eu luto para ele esperando tudo. Tenho certeza que o que vai ser realizado na vida dele é muito melhor do que o meu pensamento.
Com uma fé que transborda, acredita que tudo o que acontece na sua vida vem das mãos Dele. E agradece.
– O Matheus é como um troféu para mim. Eu quero mostrar para que as pessoas saibam que Deus existe de verdade. Porque o Matheus é um milagre.
Na hora da foto, Matheus abraça e beija a mãe. E não tem dificuldades em mostrar o sorriso que carrega sempre estampado no rosto.
– O Matheus me transformou em uma pessoa melhor.
Aprendeu com Eva a ser amor.
*Quer traduzir essa história em libras?
Acesse o site VLibras, que faz esse serviço sem custos:
https://vlibras.gov.br/
0 comentários