De tantos quilômetros rodados pelas ruas de Ribeirão Preto, José Roberto Vitorazzi já percorreu uma viagem de ida e volta até a lua, e está no meio da segunda jornada.
Pudera! Dos 70 anos de vida, 42 se passaram dentro do taxi. Um dos motoristas mais antigos da cidade, já rodou, pelo menos, um milhão de quilômetros.
A conta é aproximada pela média de andanças ao mês. E ele frisa: nos primeiros anos de trabalho, lá na década de 70, chegava a rodar 60 mil quilômetros em um só ano.
Hoje, com rádio táxi, whatsapp, carona, Uber, opções que só aumentam, leva dois anos e meio para atingir tão alta quilometragem.
– Agora, o telefone quase não toca… eu fazia 25 corridas por dia e foi caindo: 22, 18, 16, 12 e agora sete. Está mais difícil, mas a gente continua trabalhando!
A lua é mesmo metáfora. O milhão de Vitorazzi foi somado nas ruas de Ribeirão e sempre partindo do mesmo ponto.
Na Praça XV de Novembro, em frente a Biblioteca Altino Arantes, o taxista passou mais de metade da vida. Escolheu trabalhar de dia, pela segurança.
– Mas foi de dia mesmo que fui roubado!
Entre as histórias de assaltos a joalherias que viu por ali e os quatro que sofreu dentro do táxi, vai abrindo os vidros da sua rotina.
– A praça era mais bem cuidada… teve uma época em que colocaram patos ali na fonte. Mas, quando vinha a noite, o povo roubava os patos e matava para comer. Aí foi acabando. Hoje, ninguém mais liga…
Vitorazzi começou a trabalhar aos 14, 15 anos, como costumava ser naquela época.
– Minha mãe avisou o meu pai: ‘Tá na hora de arrumar trabalho para o menino’.
O pai e os tios tinham vidraçaria e foi lá que ficou até os 18, 20 anos – aproximando as idades para dar folga à memória.
Passou, então, a trabalhar num escritório de advocacia e, pouco depois, entrou para a Polícia Militar. Ficou só dois anos, trabalhando em Diadema.
– O salário era muito pouco… não gostei e decidi sair.
Em 1974, aos 28 anos – e essa idade ele não precisa aproximar – soube que tinha alguém vendendo um táxi.
– Ouvi muita conversa de que era um bom negócio e decidi tentar.
Juntou dinheiro e começou a viagem, que não teve fim.
Aos 70 anos, o taxista pensa em se modernizar. Nas raras vezes em que não sabe onde fica o endereço, usa o guia de ruas da cidade, impresso em papel e cores.
– Mas sei que vou precisar trocar para o GPS.
Quer continuar dirigindo até quando puder fazer seu trabalho com responsabilidade. Espera terminar – pelo menos em quilômetros – a segunda jornada até a lua.
– Táxi é bom! Vou sempre a lugares diferentes e nunca fico parado!
Na contagem aproximada, faltam 497,6 mil quilômetros para ida e volta.
Haja combustível!
*A distância aproximada da Terra até a Lua é de 384,4 mil quilômetros, de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Ida e volta são 768,8 mil quilômetros.
História perfeita Parabéns cunhado e irmão Abraços que sua jornada continua por muitos e muitos anos! !!???????????????
Tenho maior orgulho de te- lo como primo do lado de sua companheira e prima de sangue Marta. Sempre o vi com seu táxi, com carinho e muito cuidado. Muito zeloso no trânsito e paciente com seus clientes. Foi muito merecido essa homenagem a esse homem sério, dedicado e fiel ao seus deveres. Parabéns Bebeto, você merece essa é muito mais! Com muito carinho! Marlene.