A maratona de Patrícia: uma ‘super’ mãe

13 maio 2018 | Gente que inspira

“Não corre, Yasmin! Você vai cair!”

“Bruno, não joga lixo no chão!”

“Não pode jogar doce para os peixinhos, Bia!”

“Yasmin, pega na mão da Bia!”

“Igor! Não briga com seu irmão!”

Em duas horinhas no parque, as frases preencheriam toda uma página.

Para chegar até lá na tarde de um sábado, foram horas de preparação. Todo mundo se troca rapidinho, mas em questão de segundos a roupa limpinha está suja, o cabelo penteado se despenteia e o processo recomeça. Lá do início.

É preciso método e divisão de tarefas para que as atividades mais cotidianas saiam no horário. Pela manhã, enquanto a mãe se arruma para o trabalho e deixa as quatro escovas de dentes preparadas com as pastas, o pai faz os leites. E começa o processo do acordar.

Vão tirando um a um da cama, com o trajeto traçado: toma o leite – escova os dentes – veste a roupa. Antes das 7h e pouco, todo mundo tem que estar no carro a caminho da escola.

A mãe é professora. E, então, divide o dia em muitos turnos.

Se um fica doente, é só esperar: tipo efeito dominó. A gripe vai contagiando a casa toda. Assim como a melhora acontece de um a um.

– Sabe linha de produção? É bem isso!

Patrícia Okada, 37 anos, não reclama. Pelo contrário, porém. Pensa que sem os quatro filhos os dias seriam de um silêncio cinza.

– É uma maratona. Mas sabe quando você não consegue ver a vida de outra forma?

Hoje é Dia das Mães. Mas, na casa dela, o clichê cai como um casaco de costura fina. Com quatro pequenos – de energia sempre carregada – dia das mães é todo segundo de cada dia. Sem férias, minuto de silêncio, pausa para ver o tempo passar.

Hoje, então, é mais um dia de abraços gostosos, beijos estalados, passeio no parque e broncas, claro. “Não come o biscoito que caiu no chão, Bia!”

Afinal, é Dia das Mães!

Patrícia Okada - Dia das Mães Ribeirão Preto História do Dia

Paty diz que a ideia de ser mãe esteve nos seus planos desde muito nova.

Aos 18 anos, começou a namorar “sério”. E levou ao pé da letra a seriedade.

Em pouco tempo, os dois já falavam de casamento e faziam planos para o futuro.

Planos grandiosos, há que se dizer.

– A gente sempre planejou ter três filhos!

Casaram depois de sete anos de namoro e muito sonhar juntos.

Meses depois, Patrícia engravidou, mas na 12ª semana de gestação o feto parou de crescer e morreu. O processo, a partir daí, foi doloroso e traumático. Ela teve hemorragias e complicações.

Quando tudo passou, decidiu terminar a faculdade de Pedagogia e esperar um pouco para realizar o sonho de ser mãe.

O pouco foi mesmo pequeno. Um ano e meio depois, em maio de 2007, aos 26 anos, ela engravidou do Igor, que nasceu em 2008.

Dois anos após, veio o Bruno. E ela pensou que o plano teria que ser um pouco alterado. No parto do segundo filho, o médico constatou que Paty tinha um cisto em um dos ovários, e foi preciso fazer a retirada.

As chances de engravidar de novo, então, caíram em 50%.

Mas Yasmin queria muito fazer parte dessa família. E nasceu em 2013.

– Como a gente já tinha os três filhos que sonhamos, eu decidi operar.

Patrícia conta que fez a cirurgia de laqueadura. E, quando sentiu os sintomas da quarta gravidez, achou que estava doente.

A Medicina estima que as chances de uma mulher com laqueadura engravidar não passam de 1%. Mais que suficiente para trazer Bia ao mundo!

– As pessoas me dizem: “Nossa, como você é corajosa!”. Não sabem da nossa história!

Patrícia brinca. Bem de brincadeira mesmo.

– Eu não troco meus filhos por nada! Estando com eles, o resto é resto!

Patrícia Okada - Dia das Mães Ribeirão Preto História do Dia

– Minha mãe? Tem como falar que ela é bonita, incrível, super cuidadosa e fofa ao mesmo tempo?

Igor, o mais velho, é quem começa a descrição. Antes, Yasmin e Bruno já haviam falado, algumas vezes, do quanto a mãe é “legal” e “super legal”.

Disseram também que, vez que outra, a braveza impera na casa sempre cheia.

– Mas é porque a gente faz muita bagunça!

Bruno, com a maturidade dos seus 8 anos, já entende bem do que é feita bronca de mãe.

Paty não nega que é rígida. Foi assim que a mãe lhe cuidou.

– Eu quero o melhor para eles! Quero que eles estudem, sejam responsáveis!

Mãe e professora, quer que os filhos tenham sempre o conhecimento como norte da vida.

Computador tem senha e hora bem contadinha.

Na casa de Paty, quase nunca há silêncio. E, se há, é melhor checar o motivo!

Conta que quando a família sai reunida, para um passeio no shopping, por exemplo, os olhares são sempre de surpresa.

– Nossa família, hoje, é considerada diferente. Uma família grande. Para nós, é um sonho realizado!

Mãe é mãe. E ela tem apoio em dobro da sua mãe e da mãe do marido. Então, a maratona vai ficando menos íngreme entre ir para o trabalho em período duplo, pegar na escola, fazer o jantar.

Quando a entrevista já está terminando, Igor abraça a mãe, se aconchegando ao seu lado:

– Tô tão feliz que você tá aqui, mãe!

No final de semana, o dia das mães na grande família fica bem mais bonito: sem correria e com abraço de sobra!

– O sorriso deles é o melhor de tudo. Eu percebo que tem agradecimento ali. Tem coisa mais linda que isso?

Aponta para Yasmin e Igor que vêm correndo entre gargalhas em sua direção.

“Mãe, a Bia tomou todo o sorvete!”

O sol de mais um dia das mães vai começando a cair. Mas ainda tem uma noite – sempre longa! – pela frente.

E amanhã – para a felicidade de Patrícia – tudo recomeça!

 

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Patrícia Okada - Dia das Mães Ribeirão Preto História do Dia

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1 Comentário

  1. PATRICIA CAMARGO OKADA RIBEIRO

    Dani, ficou linda a história! Tô super emocionada. Mais uma vez obrigada!!! Bossa!

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