Adriano vendia sapatos de porta em porta e hoje tem empresa com filial nos EUA

21 novembro 2017 | Gente que inspira

Quando quebrou e perdeu tudo o que tinha, Adriano Cantadeiro pensou em desistir. Vendeu todos os bens e ainda tinha uma dívida de 150 mil dólares, que não fazia ideia de como saldar.

Hoje, sua empresa é referência nacional em coleta de dados com informática móvel, com 260 clientes só na área agrícola, parcerias na área industrial e filial nos EUA.

Em 2003, cinco anos depois de falir, já estava com a dívida paga e previsões de crescimento, que não retrocederam mais.

A família e sua fé, atrelados ao jeito de empreender grudados em si, são as explicações que hoje ele dá para o sucesso.

– Tudo isso me fez ver que você não sabe onde está a vitória. E pode estar a três passos dela.

Com Adriano, a entrevista fica com cara de coaching.

– Na vida, o plantio é livre. A colheita é obrigatória!

Começou a empreender aos 17 anos, para ajudar a irmã a vender sapatos.

Conta que era tão tímido que não atendia o telefone de casa para não correr o risco de falar com um desconhecido.

A irmã começou a vender os pares e a mãe, tentando ajudar, disse que iria buscar Adriano na aula de vôlei e oferecer para os seus amigos.

– Para não pagar o mico da minha mãe ir, eu preferi vender eu mesmo!

Depois que negociou os primeiros pares, pegou o gosto.

– Eu fiz a primeira venda e descobri algo que não imaginava na vida: gostei de vender!

Colocava os sapatos que buscava em Franca na bicicleta e saía por Ribeirão Preto, de casa em casa. Fez grupos com universitárias e chegava a vender 150 pares de sapato por semana.

Quando terminou o colegial, estava decidido do que queria fazer da vida.

Conta que prestou vestibular em Economia na USP e passou, mas não quis ir.

Hoje, pensa que a faculdade teria facilitado o caminho, mas na época a vontade de empreender era maior que tudo.

E continua sendo.

Adriano Cantadeira Markanti Tecnologia - História do Dia

O pai foi quem abriu a empresa de coleta de dados. Adriano decidiu comprar metade em 1996, aos 23 anos, para ajudar o pai a administrar.

Dois anos depois, comprou a empresa na íntegra e, três meses após a compra, perdeu tudo. O setor agrícola sempre foi o foco e, com a crise do pró-alcool, as dívidas tomaram grandes proporções.

– Chega um ponto em que você não vê mais a luz no fim do túnel. Eu tinha um bom seguro de vida. Cheguei a falar sobre isso com meu pai e minha esposa. E os dois me apoiaram a não desistir. Eu estava totalmente afastado de Deus. Me voltei para Ele e entreguei minha vida.

Com o interior fortalecido, era preciso fortalecer o exterior.

Colocar as contas no papel foi o primeiro passo da retomada.

– Quando você coloca as contas no papel o monstro de cinco metros de altura reduz e começa a ficar quase do mesmo tamanho que você.

O segundo passo foi negociar com os credores. O famoso “Devo, não nego. Pago quando puder”, foi levado à prática.

– Quer ser bem sucedido? Não engane ninguém. Se você for honesto, vai trazer honestidade. Se tem uma dívida, não fuja. Eu conversei e fiz questão de deixar claro que eu iria pagar tudo, porque iria crescer muito.

E cresceu.

Em 2003, quitou as dívidas e inverteu a curva que só andava para baixo.

Os negócios trouxeram mais uma rasteira. Dessa vez, porém, Adriano estava calejado.

Os funcionários da própria empresa montaram um negócio paralelo, e atuavam nas suas costas. Quando descobriu, tomou a decisão que persiste até hoje.

– Eu passei a fazer a parte comercial sozinho. Tinha clientes no Brasil inteiro e fiz questão de visitar pessoalmente cada um deles.

Até hoje, trabalha assim. A equipe participa em outras áreas. Adriano conta que ele mesmo é quem atende os 260 clientes do setor agrícola da Markanti Tecnologia.

– Todos os grandes empresários que eu conheço cresceram à custa de muito trabalho. As pessoas querem ter o que você tem, mas não querem pagar o preço que você pagou.

Adriano Cantadeira Markanti Tecnologia - História do Dia

Na igreja que frequenta, Adriano dá palestras de educação financeira para um grupo de 120 jovens. Recentemente, começou a ajudar uma amiga a montar o próprio negócio, num teste de coaching.

Ele já pensou em se aposentar, mas começou a criar negócios que faria na aposentadoria: uma pousada, aluguel de bugues. Entendeu que gosta mesmo é de trabalhar.

– Minha cabeça flui negócio naturalmente. Na cabeça do empreendedor, férias é ficar uma semana sem trabalhar. Depois, ele já quer estar atuando de novo.

A filial nos EUA, por exemplo, surgiu durante viagem de férias para a Disney.

– Eu estava lá com meus filhos e percebi uma falha onde eu conseguiria investir e ganhar.

Para ele, as pessoas veem o dinheiro como algo ruim. Fazer o que ama parece não combinar com ganhar dinheiro.

– O brasileiro vê o dinheiro como uma maldição. E não é. A maneira de gastar é que tem que ser vigiada. Onde está o seu coração? Se o seu coração está no dinheiro, pode trazer coisas ruins. O foco tem que ser o amor pelo que você faz.

No vocabulário de Adriano, o sentido da palavra “empreender” é abrangente.

– Não importa a empresa em que você trabalhe. Faça por você. Se o patrão não der valor, alguém vai ver e vai dar. Você é o maior beneficiado.

Defende a educação financeira como prática da rotina.

– As pessoas têm a mentalidade de gastar primeiro e ganhar depois. Por isso, vivem endividadas. Você tem que viver com 70% da sua renda, doar 10% independente da sua religião, guardar 10% e os outros 10% usar para viagem. Ainda que seja uma viagem pequena, mas faça.

Aos 44 anos, diz que se sente realizado.

– E muito!

Nem por isso, deixa de trabalhar todos os dias. Está sempre na estrada, visitando um cliente e outro. Ou nos ares, acompanhando a filial norte americana.

– Eu nunca trabalhei na vida. Para mim, o que eu faço é diversão. Na minha concepção, não existe nada melhor do que negociar. É um jogo interessante.

Continua, então, a jogar! Sem prazo para acabar.

 

Crédito das fotos: divulgação

 

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1 Comentário

  1. Paula Dutra

    Bela história da caminhada da Família Cantadeiro que conheço e tenho um grande carinho! Muito inspirador! Abraços!

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