EM MEMÓRIA: Aldo Jordão Júnior faleceu em outubro de 2020. Esta história, publicada pela primeira vez em 20 de abril de 2017, é a nossa singela homenagem pela bonita trajetória que ele e sua família escreveram em Ribeirão Preto.
Tem 11 metros, demorou dois meses para ser construída e há 25 anos chama a atenção de quem passa em frente à loja de lustres, na avenida independência. O que é, o que é?
Só mesmo um ribeirão-pretano para acertar. Francês nenhum ousaria dizer que a Torre Eiffel é resposta para anedota.
Tudo bem. A torre de lá é mesmo mais majestosa: 324 metros, dois anos de construção, em pelo Champ de Mars, Paris, cartão postal do mundo.
Mas é a Eiffel daqui, há que se dizer, que marca a localização da avenida entre acima ou abaixo da torre, que é ponto turístico para quem vem de fora e que abrilhanta as selfies de quem ainda não teve tempo – e dim-dim – para conhecer a oficial.
E quem disse que a torre de cá não encanta gente de lá?
Até mesmo a seleção francesa, quando se instalou em Ribeirão para os jogos da Copa, conheceu a nossa torre e posou para fotos com a pequena majestosa.
Mas, como é que a torre foi parar ali? É a pergunta que contagia de francês a sertanezino.
Aldo Jordão Júnior é quem conta a história que começou lá com seu pai, 57 anos atrás.
Em 1960, o Aldo pai, que trabalhava como eletricista, abriu um armazém no centro de Ribeirão. Vendia de tudo e, entre o tudo, lustres e rádios.
Em 1968 decidiu se especializar na área que tanto conhecia e abriu a loja da Independência, sem torre, com uma portinha pequena.
O nome ‘Rádio Luz’ vem do antigo armazém, que tantos aparelhos de música comercializou.
Foi só em 1992, porém, que a loja decidiu replicar o cartão postal da “cidade luz”.
Aldo conta que havia acabado de se formar em administração e queria dar uma cara nova para a loja da família. Pesquisou, pesquisou e chegou à Paris.
Não há luz mais reluzente!
Fez da Torre Eiffel o logo da loja, estampou as portas e quando o arquiteto sugeriu a réplica da torre não pensou para acatar.
Encomendaram em uma empresa de ferro e, quando finalmente chegou, a surpresa nada luminosa.
– Eles se enganaram e montaram uma torre comum. Fizemos tirar!
A Torre Eiffel daqui demorou dois meses para ficar pronta e quatro meses para ser completamente instalada.
Na época, tinha luzes e tudo!
As leis municipais, porém, fizeram o luminoso apagar.
E quase tiraram a torre do seu lugar.
– Nós fizemos uma pesquisa na cidade e todos votaram pela permanência da torre.
A pequena permaneceu.
E, agora, com as novas leis, voltou a ter luz. Pudera! A Eiffel é marco aqui e lá.
Aldo ainda tem mais planos. Quer criar um museu da elétrica, em memória à história de mais de meio século que o pai escreveu entre as luzes daqui.
Ribeirão, a Califôrnia brasileira, tem um pedacinho de França na avenida que brada Independência. Êta mistura bôa: é o interior quem diz!
*As fotos da galeria são da primeira loja do pai de Aldo, na década de 60. Arquivo da família.
Bela história