Vale a pena ler de novo! História publicada pela primeira vez em 4 de maio de 2017!
Tereza faz pilates duas vezes por semana, meditação uma vez, todos os dias lê os jornais, assina revistas semanais, vai ao cinema com frequência, prepara sua própria comida, cuida da casa, vai ao banco e não gosta de amor grudento. Nas redes sociais, é do tipo que interage e dá opinião.
Pela rotina é difícil de acertar. Tereza Carolo tem 80 anos de vida bem vivida.
Bem vivida pelo jeito de encarar. Como todo mundo, Tereza teve – e tem – problemas. Mas diz que o segredo é não se preocupar tanto com eles.
– A gente aprende a viver aquele momento. Sem pensar no ontem ou no amanhã.
Mostra as fotos dos filhos e netos, dispostas sobre a mesinha da sala, em lugar de prestígio. Conta um pouquinho da história de cada um.
São três filhos, seis netos. A maioria mora em Ribeirão Preto, próximo à mãe. Ela frisa, porém:
– Tomo conta deles na observação. Não fico ligando. Se eles precisam de alguma coisa, estou aqui para ajudar.
Tereza ficou viúva há um ano e meio. Perdeu o único namorado da vida, companheiro em 61 anos de estrada.
Conta que nas primeiras semanas se preocupou com o que seria. A saudade nunca passa e a rotina fica com um buraco. Depois, se fortaleceu.
Faz questão de ter sua independência. Não abre mão.
– Faço um balanço da minha vida assim: não sou todo dia do mesmo jeito. Tem dias mais tristes, outros mais alegres. Faço quando eu posso, na hora que eu posso. Tenho direito a ficar chateada, mas sei que depois passa.
Tereza tem 80 anos e a meta de viver bem.
Sete irmãos, vida na fazenda, os pais eram colonos em Pontal: assim foi a infância e adolescência de Tereza. Estudou até o primário na escola da roça e depois foi para um colégio interno de Jardinópolis terminar o colegial.
Fez magistério e começara a dar aulas quando conheceu o marido no Carnaval de 1956. O namoro foi por carta e o casamento saiu seis anos depois. O casal mudou para São Paulo e criou os três filhos por lá.
Tereza se aposentou em 1992, aos 56 anos. Voltou a estudar e passou na faculdade de Psicologia – sempre na meta de viver bem. Cursou dois anos e só abriu mão porque a família se mudou para Ribeirão Preto.
– Eu ia me formar com menos de 60 anos. Hoje, já teria 20 anos de profissão.
Não lamenta, porém.
– A gente nunca tem como saber se tomou o rumo certo ou não. Por isso, tem que gostar do que faz no agora. Eu tenho aprendido até hoje.
Em Ribeirão, Tereza viu os netos nascerem e criou sua rotina de exercícios, leitura, cultura. Quando o marido morreu, o dia-a-dia movimentado foi suporte.
– Eu cuido de mim.
Tereza diz que vem em primeiro lugar na lista de prioridades. Conta que está sempre se dando carinho: vai ao cabelereiro, faz as unhas, cuida da pele – que também esconde a idade.
– Uso creme! Não sei se é vaidade ou cuidado. A gente tem que se cuidar!
Garante que continua a aprendendo a cada dia.
– Não acho que sei tudo porque já vivi muito. Ainda tenho o que aprender.
Vai a igreja, mas faz uma ressalva:
– Sou questionadora. Mas é preciso acreditar. Se é melhor ter fé, vamos acreditar.
Nessa semana, ficou cansada depois da aula de pilates. Tirou um tempinho para repor as energias. E é sempre assim.
– Não me esforço para mostrar que eu posso. Eu faço o que eu posso. No meu tempo.
Conta que quando fez 30 anos, se sentiu velha. Não sabia o que vestir e achava que toda roupa era inadequada. Aos 40, teve seu terceiro filho.
– Foi maravilhoso! Eu dei uma levantada! Fui mãe de novo!
Hoje, se sente menos velha que naqueles 30. Mas já não faz planos.
– Acho que eu não devo mais sonhar tanto. Depois dos 80, a gente tem que agradecer por estar vivo cada dia.
Tereza tem 80 anos de vida bem vivida. E agradece:
– Eu acho que tudo que vivi valeu a pena!
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