Com suas poesias, Guto já publicou quatro livros independentes

6 fevereiro 2020 | Gente que inspira

Vale a pena ler de novo! História publicada pela primeira vez em 16 de agosto de 2017. 

 

Dicionário

Bússola

Intenção

Uma a uma, as palavras vão deixando a mente de Guto para habitar o papel.

Às vezes, saem todas de uma vez. E, para não deixar o verso ir embora, o poeta observa o mundo em volta com caneta na mão.

“Quem tem o dicionário como bússola

Não se perde na intenção das palavras”

Está formado o pequeno grande poema.

O dicionário é mesmo a única bússola a que o poeta recorre. Nicolas Guto tem alma livre, do tipo que voa pela madrugada em busca da última cantoria no boteco da esquina.

Por isso, nunca se adaptou ao comum, à regra, à carteira assinada.

Formado em publicidade, decidiu ser livre pela sua poesia. E já publicou, de maneira totalmente independente, quatro livros com 280 delas.

Tem muito mais a publicar, avisa. A criatividade pulsa sem parar na mente que enxerga o universo com óculos de literatura.

Ao mesmo tempo, numa contradição que só a poesia para comportar, ele tem as raízes bem firmes na Ribeirão Preto onde passa grande parte dos seus 50 anos.

– Tem gente que fala que eu não saio mais de 100 quilômetros longe de Ribeirão.

Para viajar longe, tem a poesia. Com a distância que não se calcula em números, mas em pausas e recomeços.

“Licença

Meu coração saiu do peito para dar uma volta

Ele disse que só volta quando eu tomar jeito”

Guto Nicolas poeta Ribeirão Preto

Aos 17 anos, Guto deixou nascer a primeira poesia.

A intenção era escrever música, ele explica. Aprendeu a tocar violão e tudo. Mas os poemas começaram a andar com ritmo próprio e, quando viu, Guto era poeta.

Trabalhou um tempo em publicidade, foi inspetor de aluno e hoje faz bicos. Depois de tantos anos escrevendo, sabe bem:

– Não dá para viver de poesia!

Vive para a poesia, não há como negar.

Foi só aos 40 que publicou o primeiro livro. Diz, então, que uma parte inteira de si nasceu ali, nas folhas impressas dessa primeira coletânea, lançada em 2007.

– A minha vida literária começou aos 40 anos.

“Dê uma chance para a poesia”: é o que pede Guto, no título da primeira obra.

Vendeu mil exemplares, expôs na Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto e tomou gosto.

Em 2011, lançou “Um guia de como se perder”. Não é para isso que cá estamos, afinal?

– É tudo feito por mim e um amigo meu.

Ressalta, explicando a independência das edições.

O livro de 2014 foi comemorativo: “30 anos de poesia”, e neste ano veio o “Quarto Livro”.

Todos os lançamentos foram em bares que o poeta frequenta nos dias quentes ou frios.

Entre um livro e outro, em 2008 criou uma forma de, em fato, vestir poesia. Começou a produzir e vender camisetas com seus poemas.

– O pessoal gosta muito. E elas levam a poesia longe, para lugares que talvez eu não vá fisicamente.

Espalhou, de vez, suas palavras por aí.

“Amor não tem uma definição única

Mas é sempre a melhor resposta do sentimento”

Guto Nicolas poeta Ribeirão Preto

Transformar, enfim, suas poesias em música.

Unir poema e publicidade.

Ser conhecido como alguém que leva informações, boas vibrações.

Os sonhos de Guto são muitos.

– O princípio geral do universo é o sonho. O sonho em si é nunca deixar de sonhar.

A ansiedade, ele diz, é palavra que acompanhada. E não reclama.

– Eu reflito muito. Muita gente acha que é perda de tempo refletir sobre coisas que não trazem resposta imediata. O poeta pode ser um instrumento das ideias que ficam por aí.

Poesia é introspecção? Não para Guto. Conversador, cheio de amigos.

Para ele, poesia é espaço. Espaço que gosta de compartilhar.

– É um lugar para correr dentro de você. Fazer suas reflexões. E quando eu consigo atingir uma pessoa com poesia, eu fico feliz.

Faz questão de registrar todas as suas poesias na Biblioteca Nacional, guardar os direitos das suas palavras.

– Eu não vou ficar aqui. As poesias vão.

Para viajar longe, tem a poesia. Num tempo que não se calcula nos relógios.

Mas em pausas e recomeços, eternos a cada nova leitura.

 

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