Todos os dias, dezenas de pessoas se reúnem para a prática de yoga com Costi. No último domingo, foram 80. Aglomeração? O conceito de reunião foi reformulado: é preciso alertar!

Desde que a pandemia do coronavírus chegou ao Brasil, o instrutor, 58 anos, precisou rever a forma de transmitir suas aulas e compartilhar a filosofia de vida do yoga.

No primeiro momento, a ideia das aulas on-line surgiu como uma maneira de manter seus alunos em atividade. No minuto seguinte, porém, já veio algo maior:

– Por que não acessar outras pessoas que não têm yoga? Se isso é o melhor que eu tenho, eu vou dar.

Começou, então. Há mais de uma semana, Costi transmite as aulas em sua página no Instagram (@gangaespacodeconvivenciadoyoga), sem custos, para quem quiser assistir. As pessoas podem, ao alcance de um clique, alimentar a alma, tranquilizar o espírito.

– O yoga é para ser levado a todo mundo. É transformador. Traz conexão com a paz de espírito, com o melhor que você tem.  É uma ferramenta maravilhosa neste momento, para evitar que as pessoas fiquem desesperadas, na vibração do medo, da ansiedade.

O retorno tem sido tão rápido quanto chegar ao encontro virtual. Costi recebeu mensagens de pessoas que moram em outras cidades e, até mesmo, em Nova York, agradecendo pelas aulas e compartilhando o quanto esses “encontros” têm feito bem.

– Nós não estamos sozinhos. Ao mesmo tempo em que estamos isolados, estamos conectados com todo mundo.

Foi encantamento à primeira prática: há mais de 20 anos, Costi foi à uma aula de yoga por convite da namorada e nunca mais parou.

Passou a fazer aulas, depois a estudar, se formou instrutor da prática e foi mudando a rotina por completo. Formado em Arquitetura, trocou as prioridades.

– Antes eu trabalhava 80% com arquitetura e 20% com yoga. Hoje, a arquitetura está em 10%. Ou nem isso!

Há seis anos, abriu seu próprio espaço. Mais uma realização entre a prioridade de compartilhar o bem que há na meditação, nas posturas, no alinhamento espiritual.

– O yoga é uma filosofia de vida e traz a percepção da realidade como ela é. Você se conecta com a sua essência. Trabalha o corpo, a mente e o espírito.

A mudança, ele garante, é natural.

– Você começa a se conectar com a sua realidade. Começa a olhar para seu corpo de maneira diferente, respirar diferente, ver a vida diferente.

Em eras de culto ao corpo – e só – é preciso reconectar.

– Não pode dissociar: malha o corpo, mas não sabe lidar com seu medo, sua raiva. Se você está desconectado, começa a achar que você é só gordo ou magro, cabeludo ou careca. E não é. O yoga te conecta com a realidade que você é: um ser ilimitado, feliz.

Em tempos de coronavírus, isolamento e todo o caos que a pandemia traz, é uma prática bem-vinda. Para Costi, não há dúvidas do bem que sua ação pode levar. Por isso, continua com as aulas on-line, ao alcance de todos.

Não sabe por quanto tempo. Quem sabe?

Na vida, entretanto, já decidiu.

– Eu sou muito feliz. Trabalho com o que eu gosto, faço o que eu gosto. É pleno!

Nas mensagens que tem recebido de gente que está perto e longe encontra a maior recompensa. Aquela que não se conta em moedas ou matéria.

– É muito gratificante, muito especial.

Todos os dias, lá está ele. Se posiciona em frente à câmera com seu tapetinho e começa. Ao final da aula, o cansaço é grande. Precisa fazer, por completo, todos os exercícios, falando ao mesmo tempo em que faz, dando as orientações para que público que está em casa consiga acompanhar. Não há reclamação, entretanto. Só gratidão.

– A gente não faz esperando nada em troca. Mas recebe. Não há dúvida.

Namastê!

 

Crédito da foto: divulgação/arquivo pessoal

 

 

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