Entre uma venda e outra, Gabriel compartilha bom astral no Calçadão de Ribeirão

6 setembro 2017 | Gente que inspira

– Nunca pensei que eu iria vir trampar no Calçadão!

Gabriel fala com surpresa, mas não com lamentos.

Vende seus produtos com sorriso no rosto e astral bom.

Aos 19 anos, sabe que tem um caminho longo pela frente. E está em busca de encontrá-lo. Não com desespero ou uma porção de metas, mas com tranquilidade.

– Sonho? Eu pretendo ser feliz! Eu posso ter um sonho hoje e amanhã já pensar diferente.

Faz cerca de oito meses que é vendedor no Calçadão de Ribeirão Preto. Começou com garrafinhas de água e agora vende brinquedos.

A ideia surgiu por falta de opção. Terminou o colegial com curso técnico, mas não conseguiu emprego.

Continuou nas vendas, porque viu ali, no ofício que muita gente desmerece, um lugar de aprendizados.

– Aqui não tem reclamação. Não tem isso de ‘não vejo a hora de chegar sexta’. Aqui o povo não vê a hora de ganhar dinheiro! E o mais legal é que conheço muita gente!

Gabriel Calçadão Ribeirão Preto - História do Dia

 

Gabriel diz que sempre teve boas notas. Conseguiu uma bolsa remunerada e se formou como técnico em logística, junto com o colegial.

Pensa em fazer faculdade de Filosofia, mas fala que um emprego remunerado era mais necessário agora.

Não porque a família precise ou porque as contas de casa sejam apertadas demais. Os pais são trabalhadores, não há luxo, mas Gabriel diz que nunca lhe faltou nada.

Trabalha porque quer se sentir capaz.

– A faculdade é um investimento para o futuro, mas todo mundo cobra o agora. Ser digno de dó é a pior coisa. Eu só tô vendendo. Não tô sofrendo. Eu levo como ponto de referência, uma oportunidade de aprender, entender o outro lado. E conquistar algo.

Entende o “outro lado” pelos olhares tortos, pelos dedos apontados, pelo desprezo de muita gente que passa por ele no dia-a-dia.

– Vendendo no Calçadão eu aprendo a ser bem humilde. Pouca gente repara, presta atenção em você. Tem amigos que me encontram aqui e falam: ‘Mas você? Aqui?’. Qual o problema?

Perdeu até a timidez. Conta que antes tinha dificuldade para se comunicar. Agora, esbanja simpatia nas vendas.

Vendendo água, Gabriel tinha lucro diário de R$ 20, com 30 garrafinhas vendidas por dia. Recentemente, passou a vender brinquedos.

Diz que o segredo não é chegar cedinho, mas aproveitar os horários com mais movimento. E assim o faz.

Não quer esse trabalho para o resto da vida. Até porque, estar sempre preocupado com a fiscalização deixa o dia-a-dia conturbado. Sabe, porém, que tem muita vida pela frente!

Vendendo no Calçadão, aprende sobre os outros e si mesmo. E vai construindo, no seu tempo, o amanhã.

 

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Calçadão de Ribeirão Preto História do Dia

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