História de Aguinaldo com o hortifruti é herança de gerações

31 agosto 2022 | Gente que alimenta, Projetos especiais

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Texto: Daniela PenhaFotos: Tatiane SilvestroniIlustração: Cordeiro de Sá – Produção: Vandreza Freiria

Para Aguinaldo, as dificuldades do ramo de hortifruti são simplificadas. Quem nasceu e cresceu entre os frutos que a terra dá carrega o fazer nas raízes. 

Seu pai começou na agricultura ainda criança, seguindo o exemplo de seu avô. E assim foi com Aguinaldo Cosin, 53 anos, e os irmãos: três gerações no mesmo segmento. 

– Quem olha de fora diz que é complicado, mas para nós é muito fácil. Tudo parece simples, porque nascemos nisso. 

Ele passou por todas as funções do negócio: 

– Eu já fiz entrega, comprei mercadoria, tudo quanto é tarefa eu já fiz. Quando um funcionário reclama, eu digo que sei o que ele está fazendo. E sei mesmo. 

Hoje, é dono da banca de hortifruti Prime, no Ceasa de Jundiaí. Trabalha junto com os irmãos e o pai, como sempre foi. O ponto já fora de sua família bem antes. Entre idas e vindas, aberturas e fechamentos, eles se fortaleceram e continuaram no ramo. 

Está nas raízes de sua história o adubo que faz prosseguir. 

– Meu pai diz: ‘Eu não lembro o dia na vida em que perdi hora’. E eu posso falar a mesma coisa. Quando a gente se propõe a fazer alguma coisa tem que ser bem feito, senão é melhor não fazer. 

Banca Prime Ceasa Jundiaí

Em frente ao Ceasa, o nome do pai estampa uma placa: Alcides Cosin. Ele conta que é um dos mais antigos por ali, participou da fundação do espaço, 20 anos atrás. 

Aguinaldo conta que, antes da pandemia, seu Alcides ia todos os dias à banca, ajudar no trabalho. Aos 77 anos, foi difícil convencê-lo a diminuir o ritmo. 

O filho, então, segue o exemplo à risca. 

Chega no Ceasa antes do sol raiar e vai embora, geralmente, quando o astro já se pôs. O turno não se encerra aí, porém. Antes do descanso, passa no Shopping da cidade, onde tem uma loja de vestuário. Cansativo, né? 

– Mas é uma canseira boa porque tô fazendo o que gosto! 

Banca Prime Ceasa Jundiaí

O avô ficou muito doente. Sem poder trabalhar mais, passou o legado da agricultura para os filhos. Seu Alcides Cosin tinha entre 13 e 14 anos quando assumiu o negócio do pai.

– Ele fazia feira, tinha que se virar para cuidar da família. 

A família de oito filhos vivia no bairro do Caxambu, onde se instalaram outros imigrantes italianos. Ali, plantavam para comer, criavam seus porcos. 

Aguinaldo nasceu e cresceu nesse contexto. Também adolescente começou a trabalhar junto com o pai e os tios. Nessa época, a família não plantava mais. Já estava se especializando no ramo de vendas. 

A primeira empresa de hortifruti dos Cosin foi criada pelos oito irmãos. Ficavam sediados em um galpão, no sítio do seu pai, em Caxambu. Separaram a sociedade em 1991. Então, Aguinaldo, o pai e seus dois irmãos abriram outra empresa que permaneceu até 2010. 

– Nós falimos. Acabou a empresa e foi cada um para um lado. 

Nessa época ele entrou no ramo dos vestuários. Mas as raízes o chamaram de volta. Em 2016, abriu a Prime, no mesmo espaço do Ceasa onde ficava a banca de sua família. A empresa é uma das doadoras do Mesa Brasil Sesc Jundiaí. 

– Eu trouxe meu pai e meus irmãos. Estamos todos juntos de novo. Em seis anos, nós crescemos muito! 

Banca Prime Ceasa Jundiaí

A banca compra no atacado e vende no semi-atacado, para cerca de 400 clientes entre mercados, mercearias, frutarias e restaurantes. Atendem Jundiaí e cidades de até 50 quilômetros, no entorno. 

Vendem de tudo: frutas, legumes, temperos, ervas. 

Aguinaldo é especialista em realizar as “missões impossíveis” da gastronomia, como diz. 

– Clientes de restaurantes pedem coisas que nós nem conhecemos e temos que correr atrás. Flores comestíveis, temperos. Dá trabalho, mas a gente acha. 

O segredo? 

– É a vontade de trabalhar para caramba, ter conhecimento na área e o gosto pelo campo e pelo hortifruti! 

Banca Prime Ceasa Jundiaí

Desde maio de 2019, a banca Prime é doadora do Mesa Brasil Sesc Jundiaí. Já doaram cerca de 3,5 toneladas de alimentos.

Para Aguinaldo, o trabalho do Mesa é essencial para evitar o desperdício e garantir que os alimentos cheguem a quem precisa. 

– Tem muitos produtos com pequenas avarias, mas que estão bons para o consumo. Perecível dá quebra, qualquer avaria tem que trocar o produto porque a exigência é muito alta. Mas são produtos bons, que poderiam ser descartados. A gente precisa mesmo de alguém que faça o que o Mesa faz! 

Saber que a doação mata a fome de quem precisa traz alegria – e alívio. 

– O lixo do Brasil sustentaria vários países. É uma satisfação! Para que jogar fora se a gente pode ajudar? 

Aguinaldo diz que, todos os dias, levanta da cama com o pé direito: uma crença das antigas. 

– É acordar cedo, botar o pé direito no chão e pedir a benção do Homem lá em cima. Pede sabedoria e não tem xabu! 

Na narrativa de sua história, prefere não destinar tempo às perdas, mas aos recomeços. 

– A gente não pode desistir nunca! 

Para o futuro diz que não espera grandes feitos. Mas a manutenção dos feitos que já conquistou. 

– Não tenho o objetivo de ser milionário. Quero ver a equipe bem, os colaboradores realizados, minha família bem. É isso. O crescimento vem com o tempo. 

Na mesa da família que cresceu do hortifruti, não faltam vegetais. O hortifruti é parte dos dias, sem folga. A história de Aguinaldo tem raízes bem fincadas na terra. 

Conheça mais sobre o Mesa Brasil

Que tal criarmos uma ponte entre quem precisa de ajuda para matar a fome e quem pode e quer fazer o bem? Uma ponte que consiga unir essas duas pontas, fazendo com que os alimentos que sobram para um cheguem à mesa do outro? 

É isso que faz o programa Mesa Brasil, criado pelo SESC SP há 27 anos e presente em todo o país.

Caminhões coletam diariamente doações de alimentos com empresas, supermercados, cerealistas, produtores, entre outros fornecedores e entregam para instituições sociais e hospitais. Só em São Paulo são 30 caminhões circulando todos os dias para atender 95 cidades paulistas.

Realizando a coleta e a entrega dos produtos, o Sesc São Paulo facilita o caminho para quem quer doar e garante que toneladas de alimentos que seriam desperdiçados cheguem à mesa de quem precisa: uma rede de combate à fome! 

Em 2021, foram 1341 instituições sociais beneficiadas, além de milhares de famílias que levam alimentos direto para suas casas. As 1191 empresas doadoras fizeram 6,4 milhões de quilos de alimentos chegarem à mesa de quem precisa.

Em Jundiaí, o programa foi implantado em maio de 2019 e já distribuiu mais de 706 toneladas de alimentos, para 44 entidades cadastradas. Ao todo, quase 9 mil pessoas foram beneficiadas pela solidariedade de 63 instituições doadoras.

O projeto “Gente que Alimenta” conta as histórias de quem faz esse programa do bem acontecer: doadores e instituições que precisam de apoio para continuarem suas atividades. 

Quer saber mais sobre o Mesa Brasil? Quer se tornar um doador? Acesse o SITE AQUI e se encante ainda mais com esse bonito programa! 

Leia mais histórias do projeto

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3 Comentários

  1. Lindalva Pompeia Lopes

    Parabéns família linda! Que Deus continue sempre abençoando a vossa jornada.? Vocês merecem!???????

  2. Sônia Regina Melato Fontanazzo

    Quanto orgulho dessa família maravilhosa que faz parte da minha família. Tios e primos muito queridos e donos de um coração ímpar que nunca pouparam esforços para ajudar a quem precisa, sem medidas. São merecedores de tudo de melhor que o universo oferece. Por mais seres humanos assim.

  3. Maurício

    Parabéns Cosin…vcs merecem,eu sei o qto a vida de vcs na lida era dura pois participei uma vez… buscando cebolas em plena Copa do Mundo ???

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