Kizu leva a cultura africana para o mundo

29 abril 2017 | Gente que inspira

Kizu começa a tocar e em poucos minutos está rodeado de olhares curiosos.

Ele veste roupas e acessórios africanos, o instrumento é todo de madeira e os sons variam conforme o jeito de bater as baquetas.

“Como é que chama isso?”, o menino pergunta mal a música para. A curiosidade se mistura ao encantamento.

– Marimba. É feito de palmeiras do açaí, bambu e cabaça. Aqui não é comum. Só de olhar, já causa curiosidade.

Depois de onze anos viajando pelo mundo, Kizu não tem mais dificuldades em falar português. Tropeça em uma palavra ou outra, mas entende bem o linguajar de um dos seus países preferidos.

Amazônia, Rio de Janeiro e Maranhão são alguns dos lugares que mais gosta de ir. Da Europa não gosta tanto.

– Não tem esse carinho que a gente daqui tem.

Ele é de Tumaco, interior da Colômbia. Diz que sempre fez música. Um pouco foi herança da família e grande parte já estava em si.

 – Cada pessoa nasce para uma coisa. Eu nasci para música. Já tentei outras coisas, mas nada funcionou. Na escola, eu ficava batendo na cadeira.

Há onze anos, então, decidiu viajar para mostrar sua arte. Passa um tempo na Colômbia e outro na estrada.

Faz parte da banda Kafrika Folk Pop, que leva a cultura africana mundo afora. Quando não está em turnê com o grupo, viaja sozinho.

Dos trajes ao ritmo, a África está presente.

 – Em todo lugar tem preconceito. O preconceito vem da falta de conhecimento da história. A gente discrimina o outro sem conhecer.

Em fevereiro, Kizu passou por Ribeirão Preto, depois de ir para a Amazônia, Pará, Mato Grosso e Goiás. No Carnaval, iria para o Rio de Janeiro, “porque o lucro por lá é maior”.

Ele se hospeda onde consegue pagar menos e mostra sua arte nas ruas, com uma caixinha de contribuições na frente da marimba.

– O conceito de arte de rua é discriminatório. Eu faço meu trabalho na rua porque quero que as pessoas conheçam. Eu mostro meu trabalho e minha cultura, que são desconhecidos para as pessoas.

Nas suas letras, Kizu fala da história africana, das lutas do seu povo, de paz, alegria e natureza. Defende a pluralidade cultural.

 – A globalização determina um tipo de música. Todo mundo escuta a mesma coisa e não sabe que existe outro tipo de música para escutar.

Acredita, assim, que levar música mundo afora é “objetivo social e político”, além de ganha-pão.

Nas viagens, gasta o mínimo possível. O dinheiro que ganha nas ruas vai para o filho de um ano e meio que mora na Colômbia.

– Com o som, com as letras, as pessoas conhecem a nossa história.

Kizu começa a tocar e em poucos minutos faz a cultura africana ressoar mundo afora. Está rodeado de gente. O povo latino-americano é a sua estampa.

 

Compartilhe esta história

0 comentários

Outras histórias