No Jardim Recreio, uma família unida pelo carinho faz um Natal de muitas luzes

23 dezembro 2019 | Gente que inspira, Histórias do Proac 2019/2020

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Não é preciso acompanhar o numeral das casas na rua. As luzes sinalizam que é ali: chegou ao cantinho do Natal. São 14 renas no telhado, piscas-piscas nas árvores, Papai Noel de trenó e um enorme boneco de neve.

Esse último item é uma das novidades. Todo ano tem que ter algo novo, uma luz diferente para renovar os suspiros.

Quem pensa que a decoração expressiva se restringe à fachada, tropeça em enganos. É quando a porta se abre que a magia, de fato, acontece.

Há 19 anos, a casa de Rita e Roberto Marques se transforma em um “reduto de Natal” logo quando aponta dezembro. São 800 caixas de pisca-pisca, centenas de objetos espalhados por todos os cômodos da casa. De cortina estampada com noéis a copos, pratos e bonecos infláveis no telhado: impossível não encontrar algo.

– As pessoas se desinteressaram por tudo, até pelo Natal. Nós não fazemos só pela gente, mas pelos outros. Para trazer de volta essa magia do Natal.

As palavras são de Rita. Foi ela quem começou a tradição, quase duas décadas atrás, quando se mudou com o marido e o filho para o Jardim Recreio, em Ribeirão Preto.

Quis retomar o Natal que vivia na infância e, quando viu, havia multiplicado por mil as luzes e bolinhas que tinha em casa quando criança.

– O sentido do Natal é a confraternização, a fé, o amor. Eu acho que está faltando tanto… as pessoas estão tão intolerantes… a gente tenta passar um pouco disso…

Natal História do Dia

A decoração é reluzente na casa, não há dúvida. O principal brilho, entretanto, está na forma como ela é construída. Uma família que se formou com o coração faz a tradição continuar.

Desde que Rita e Roberto se mudaram para a casa natalina, Marisa Fernandes passou a trabalhar com eles. O marido dela, Reinaldo Francisco, também começou a frequentar a casa. Foram ficando amigos, foram se tornando família. Viajam juntos, festejam juntos, compartilham os dias.

Quando Rita contou a ideia de começar a enfeitar a casa para o Natal, Reinaldo e Marisa foram logo entrando no clima. Há 19 anos, são eles que fazem a decoração.

Reinaldo, que não é funcionário, o faz de maneira voluntária, após a jornada de trabalho em uma funerária. Distribui as 800 caixas de pisca por todo quintal como forma de carinho pelo casal que se tornou parte.

– A gente é família. Por mim, eu nem sairia daqui.

Natal História do Dia

Quem mais se alegra com toda essa união de luzes e famílias é o pequeno João Vitor, 5 anos. Rita e Roberto, que não têm netos biológicos, dizem que o menino, filho de Marisa e Reinaldo, é um “presente de Deus”, enviado para alegrar a casa.

João os chama de avós.

– Ele é o Papai Noel dessa casa! O anfitrião!

Une ainda mais a família que se escolheu para enfeitar os natais e os outros 364 dias do ano.

Natal História do Dia

João não consegue conter a euforia. Quando eu chego, vai logo me puxando pela mão. Quer me levar aos fundos da casa, onde está o enorme boneco de neve luminoso em cima do telhado.

Diz que é seu ítem preferido!

Natal História do Dia

Orgulhoso, conta que seu pai colocou toda a decoração. Sentimento que Reinaldo compartilha quando, depois de dias, termina toda a arrumação.

– Depois que tá pronto dá uma paz, não dá?

Começam com os preparativos em meados de novembro. Tudo é guardado em caixas bem identificadas de um ano para o outro. Assim, facilita na montagem.

Marisa fica responsável pela decoração interna, Reinaldo pelas luzes, Rita e Roberto participam da montagem e não poupam recursos. Abraçam todas as ideias trazidas pelo casal: “Vamos colocar uma luzinha aqui?”, e no outro dia os fios estão comprados. Tem objetos de todo lugar do Brasil e do mundo. E também são clientes da baixada, no Centro de Ribeirão.

Rita, patologista clínica, diz que sempre curtiu o Natal, desde criança. Na sua casa era tradição. Roberto é o inverso. Os pais não tinham o costume de comemorar, que ele adquiriu por influência da esposa.

Na casa de Reinaldo, não havia muito, mas uma árvore sempre era montada. Na casa de Marisa, a decoração acabava ficando em segundo plano, entre o que era necessidade.

Cada um que compõe o quarteto trouxe uma vivência diferente com a festa de dezembro e a resignificou. Hoje, curtem juntos a decoração, que vira atração pela cidade.

Recebem pessoas de todo o bairro, querendo conhecer a casa. E outras até de outras cidades. Abrem as portas apenas para as conhecidas. As outras se contentam em ver a fachada luminosa.

Natal História do Dia

Além do Natal, ano a ano os quatro passaram a ampliar a gama de comemorações. Na Páscoa, a casa fica recheada de coelhos. No Halloween, o terror toma conta dos espaços. Neste ano, uma nova tradição ganhou lugar. Fizeram também as decorações de festa junina.

Rita explica a importância de se manter a cultura:

– É a minha história. Uma forma de lembrar da infância.

João, encantado pela casa, leva os colegas da escola para celebrações, vibra com as novidades anuais. Quando pergunto do que ele mais gosta no Natal mostra, entretanto, que o principal não está no que se pode tocar:

– Os amigos! Isso é o mais legal!

Para Roberto, o sentido de todo investimento em decoração é justamente fazer ressurgir o que cada pessoa carrega de melhor. Inspirar pelas luzes!

– Eu sempre tive comigo: nós vamos criar um clima de Natal. É uma sensação muito boa de prazer, alegria.

Reinaldo diz que Natal é tempo de estar com a família. No caso, a família que ele, Marisa e João escolheram. Passam a data juntos, ano a ano, para a alegria de João, que corre abraçar o avô na hora da foto.

A casa é reluzente, não há dúvida. Mas ali, entre os piscas-piscas que se destacam no Jardim Recreio, o afeto é a luz que mais brilha.

 

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3 Comentários

  1. Veronica Persona

    Linda história e com pessoas maravilhosas

  2. Simone Dala Rosa

    Lindo D+!!!!

  3. Marta Fogagnolo

    Parabéns Daniela Penha, sua descrição foi perfeita.

    Parabéns a Rita e Roberto, a casa deles,uma verdadeira Magia de Natal. Meus netos estão com 13 anos,e desde bebês minha filha e meu genro,paravam enfrente a casa Verde,toda enfeitada,maravilhosa. Eu com meus 74 anos, ficava maravilhada com tanto capricho.

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