Pelos filhos, Aline trocou escritório por brigadeiros

5 abril 2018 | Gente que inspira

Vale a pena ler de novo! História publicada pela primeira vez em 1º de junho de 2017. 

 

Toma o café correndo. Despacha as crianças na escola. Chega no escritório. Engole o almoço. Leva trabalho para casa. Pega as crianças. Janta o que tem. Não vai dar tempo de ajudar na tarefa. Dorme que está tarde. Outro dia já veio, mas o descanso se esqueceu de chegar.

Aline Rirsch resolveu fazer diferente.

Quando pediu demissão do trabalho, sentia que a vida era uma maratona. E, então, escolheu chegar por último.

Escolha feita entre olhares surpresos e críticas nada doces. Aline, solteira, acabara de ter seu segundo filho e decidiu trocar salário fixo no escritório de contabilidade por tempo com seus pequenos.

– Eu trabalhava no escritório da minha mãe. Como filha, todos esperavam que eu fosse dar seguimento ao negócio dela. Mas não era aquilo que eu queria. Eu queria mais tempo para ficar com os meus filhos.

Tempo.

Dizem que é o luxo da pós-modernidade, a instância mais sábia do universo, dinheiro. Para Aline, é o que dá sentido à vida.

Vendendo brigadeiros, ela conseguiu equilibrar o tempo. Hoje, tem seu próprio negócio, feito na hora em que determina. E a vida deixou de ser maratona.

Aline Rirsch escritório do doce brigadeiros filhos

Quando Helena nasceu, Aline começou a sentir o tempo de maratona pesar. Tinha 18 anos, deixou a escola e o sonho da faculdade para trabalhar.

Levava a pequena consigo no escritório no período contrário ao da escolinha.

– Eu não lembro quanto tempo eu ficava com ela quando ela trabalhava no escritório. Eu ficava num quartinho dormindo.

São as lembranças da Helena, hoje com 11 anos.

Quando Aline engravidou do Cauã, que tem seis anos, a vontade de mudar não falava mais alto. Berrava em seus ouvidos.

– O Cauã tinha quatro meses. Eu sabia que eu teria que voltar para o escritório, mas eu não queria.

Resolveu, então, não voltar. Sem saber se seria a decisão mais promissora. Mas certa dos seus motivos.

Começou a fazer serviços de contabilidade em casa, mas o que recebia não era suficiente para as contas.

A ideia de empreender veio por Helena. A filha precisava de material escolar e Aline não tinha o dinheiro para comprar.

Olhou para a lata de leite condensado e decidiu: ‘Helena, nós vamos fazer brigadeiros e vamos até a porta da papelaria. Só vamos comprar o material quando terminarmos de vender os brigadeiros’.

Não deu tempo de chegar até a porta.

– Antes de chegar até a papelaria, a gente já tinha vendido dos 12 brigadeiros pelo caminho. Foi quando eu pensei: esse negócio vai dar certo!

O nome “Escritório do doce” surgiu pelo passado na contabilidade. Um amigo brincou, Aline gostou: estava criada a sua marca.

Aline Rirsch escritório do doce brigadeiros filhos

Quando pediu demissão do trabalho, Aline e os dois filhos moravam com a avó. Aline não tinha carro, casa e tempo.

Hoje, depois de quatro anos vendendo brigadeiros, ela alugou a casa onde vive com seus pequenos, financiou seu carro e, o principal, vê o relógio passar na companhia dos filhos.

– As pessoas olham esse trabalho como se eu estivesse passando necessidade. E não é isso. É o meu trabalho, o meu sustento.

Coloca os brigadeiros – e outros doces – em uma gritante caixa pink e sai vendendo pela rua: porta de escola, lojas, onde há gente, há trabalho.

Já recebeu encomenda para casamentos, aniversários, festas até mesmo fora de Ribeirão Preto.

– A melhor parte foi viajar!

É Helena quem diz. Companheira da mãe, ela complementa a história que a Aline vai contando. Sabe dos detalhes, dos motivos, do tempo.

– A minha mãe nunca deixa de ficar com a gente. Ela bate doce meia noite ou acorda às seis da manhã para assistir filme com a gente!

O sonho é abrir uma doceria, ver a marca crescer. O primeiro – e mais difícil passo – já foi dado.

– Eu vou de degrau em degrau. A minha hora vai chegar.

Aline Rirsch escritório do doce brigadeiros filhos

Aline não gastou o tempo – tão raro – se arrependendo da decisão que tomou. Muito o contrário.

– O que mais vale a pena é a felicidade.

Ela acha que muita gente passa a vida fazendo o que não gosta por medo.

– Medo de sair da zona de conforto, de não dar certo. Tudo é difícil, mas, se você não fizer, nunca vai saber se deu certo ou não.

O que dá sentido para a vida?

– É tempo! O sentido é ter tempo em família e para você também. É poder aproveitar a vida!

Fazendo o que gosta, Aline aprendeu a equilibrar o todo poderoso tempo. E a vida passou a ser feliz.

 

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