Professora Rachel acredita na educação feita com união de forças

3 fevereiro 2020 | Destaque ensina, Gente que ensina, Histórias do Proac 2019/2020

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A união faz a força? Para Rachel, não há outra forma de ser professora. Ela acredita que a educação se faz em conjunto, com soma.

– Eu aprendi que a profissão precisa de aliança. É construída o tempo todo com os pares. Nós crescemos juntos. Parece que a troca de experiências é obrigatória.

Conversando com as parceiras do ensinar, ela resolve problemas e melhora o fazer.

– Parece que a gente faz certa terapia. Quando vê, já tratou um do outro. Não dá para ficar no seu mundinho, na sua sala. Se você não está afim de compartilhar, eu não sei se essa é a sua profissão.

O grande objetivo dessa troca?

– É no convívio com o outro profissional que você vai ajudar seu aluno.

O outro lado dessa construção, para a professora, está na relação com a família. É preciso unir todas as forças, ela defende. Na escola, os pais podem conhecer qualidades do filho não vistas antes.  Podem compartilhar dúvidas e, também em conjunto, resolver questões.

– Acontecem problemas que poderiam ser resolvidos entre os pais e os professores, conversando.

Seus aprendizados também são uma construção. Bagagem que foi somando, pouco a pouco, em 12 anos de docência. Uma busca que, ela diz, nunca tem fim.

Professora Rachel História do Dia

Nas lembranças da infância, a escola não era um lugar de muitas alegrias. Rachel conta que foi uma criança retraída, fechada e, então, se sentia deixada de lado pelos professores.

– Não se acredita nessas crianças. Eu era assim.

Quando decidiu prestar Pedagogia, depois de quatro anos de cursinho, o fez pela possível facilidade. O curso tinha menos concorrência e notas de corte mais baixas. Hoje, não consegue imaginar outro caminho.

– Eu não sabia do amor que eu sentia pela docência. Eu só poderia ter ido por aí. Na faculdade, eu já não tinha mais dúvidas. E, quando começa a trabalhar, a gente percebe a diferença que pode fazer na vida da criança e a nossa importância.

Quando percebeu que podia fazer a diferença, escolheu que escreveria de outra forma a história deixada pelos seus professores da infância.

– Eu não menosprezo a capacidade da criança, por mais dificuldade que ela tenha.

Encontrou, na troca com outros profissionais, o melhor caminho para entender a diversidade de cada aluno e respeita-la. Nas conversas com companheiras e companheiros do ensinar, ela vai se constituindo.

– Cada um tem uma linha de trabalho, mas juntos a gente se ajuda, tira dúvidas, explora o que deu certo e errado, decide juntos.

Na escola municipal onde leciona há cinco anos, Sebastião Aguiar de Azevedo, é conhecida como a professora “calma”. Sua sala não é feita de silêncio absoluto, mas de movimento.

– O que tem que exigir, eu sei exigir. Mas não me incomodo com a bagunça deles.

É também nessa “bagunça” que o aluno se expressa, é nesse movimento que a aprendizagem vai se dando na sala de Rachel Moreira de Oliveira Santos, 37 anos.

Ela conta que fez sua trajetória de estudos em escola pública a vida toda. Nasceu, cresceu em Ribeirão Preto; estudou e ensina por aqui.

A mãe foi quem mais incentivou a estudar, sempre falando sobre a importância da faculdade. Quando terminou o Ensino Médio, entretanto, ela sentiu que seria necessário complementar os estudos com cursinho.

Buscou as opções gratuitas e conta que encontrou um grande apoio no cursinho do Círculo de Ação Popular, no Quintino 2. Fez quatro anos de cursinho e entrou na faculdade em 2004, na Unesp, em Araraquara.  O encantamento pelos professores que conheceu persiste ainda hoje.

  – Eu fiquei fascinada. E ainda hoje eu tento pegar um pouco de cada um dos bons professores que me marcaram.

Na faculdade, se encantou pelo ser professora que, até então, parecia uma escolha mediada pelo vestibular.

– O professor está sobrecarregado, mas eu aprendi a ver também muita beleza na profissão. Ele é quase um superstar dentro da escola. A gente brilha o olho da criança.

A educação infantil tem a maior fatia de seu coração, principalmente a alfabetização. Em 2008, recém-formada, ela deu aulas em Brodowski; em 2009 entrou na Prefeitura de Ribeirão Preto, onde está até hoje.

Considera que as escolas por onde passou trouxeram mais e mais conhecimentos para a bagagem.

– Conheci professores, realidades de outros lugares. A educação tem um viés político. A nossa postura tem um viés político, porque, de uma maneira ou de outra, você está se posicionando. Na escola, você defende seus pares, defende a criança e, ao fazer isso, está defendendo a sociedade e contribuindo.

Professora Rachel História do Dia

Em sala de aula, com os alunos de primeiro ano, busca encorajar a leitura e a escrita.

– Eu acredito que os alunos podem nos surpreender sempre. Pode não ser no primeiro, no segundo ano. Pode ser que daqui a alguns anos você vai ouvir falar dele. Ao mesmo tempo em que aquele aluno que você julgava ótimo pode se perder no caminho.

Mais um aprendizado que tirou de sua própria trajetória. Hoje, se sente realizada com os caminhos que trilhou.

– Eu não sabia onde iria parar. Não tinha ideia da importância do trabalho na prefeitura, do tanto que é bom. Foi realmente um presente na minha vida.

O professor, ela diz, precisa ser mais valorizado.

– Os governantes se esquecem de ir até a escola, esquecem o que é o pé na sala de aula. O dia a dia é dinâmico. A sala de aula é esse vulcão!

Encontra no aluno a alegria para os dias não tão bons.

– É fascinante por isso: no final das contas, somos muito bem vistos. Recebemos muito carinho e somos um dos primeiros maiores exemplos que eles podem ter.

Rachel defende a profissão, defende o ensinar.

– Na escola, somos os mais importantes, porque se a criança não aprender a ler e escrever, ela vai ficar defasada nos próximos anos.

Por tanto, por tudo é uma professora que gosta do que faz.

– Me sinto realizada e pronta para vários bons anos! Trabalhar com educação é infinito, não acaba!

Vai compartilhando sua prática, dividindo sua bagagem com quem queira trocar. Ensinar, ela está certa, é tarefa que se faz em conjunto.

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1 Comentário

  1. Roberta Moreira

    Parabéns minha irmã querida, você é um doce de pessoa e está na profissão certa! Que orgulho de você, obrigada por este presente @historia do dia!!

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