Tony é um pedacinho de Elvis em Ribeirão

6 maio 2020 | Histórias do Proac 2019/2020, Parte da gente

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Vale a pena ler de novo! História publicada pela primeira vez em 11 de abril de 2017!

 

Tony Elvis não é o seu nome. Mas quase ninguém o conhece de outro jeito. Há motivo: são 49 anos colecionando discos, filmes, quadros e o que mais houver do ídolo do rock.

Elvis Presley é a história de Tony Elvis e não há como separar o que faz parte até do nome.

Quadros e fotos de Elvis – o Presley – se espalham por todas as paredes da loja. Discos, CDs, DVDs têm lugar de prestígio nas gavetas e estantes, entre outros tantos e tantos álbuns e artistas da loja musical.

Era 1996. Tony estava desempregado e pensava em abrir uma lanchonete. Sua paixão pela música – e por Elvis – já era mais que conhecida, porém. Um amigo, então, sugeriu outro tipo de empreendimento.

– Ele disse: ‘Você entende de música! Por que não tenta?’

Abriu um sebo de música, com 325 discos, na avenida Dom Pedro.

Depois mudou para a rua Barão do Amazonas e fincou raízes na Visconde de Inhaúma. Por lá, cativou o público jovem e, então, decidiu abrir filial para as músicas de outrora.

Na loja “The Pelvis”, na rua Duque de Caxias, Centro de Ribeirão Preto, tem de tudo. Menos o que é “de momento”, nas palavras de Tony.

Hoje são, em média, sete mil produtos que ele tem catalogados na memória.

– Para fazer esse trabalho tem que conhecer música. Já fiz muita gente feliz!

 

 

Conta a história do moço que só sabia imitar a melodia da canção e deixou a loja com o CD em que ela foi gravada. E do casal de noivos que queria uma música instrumental do Elvis para entrar na igreja e já estava quase desistindo de procurar, quando encontraram Tony.

– Eu cheguei a ter 185 discos do Elvis. O que se diz por aí é: ‘Se o Tony não tiver a música, ninguém mais tem’.

O encantamento de Tony com a música começou bem, bem cedo. A mãe cantarolava as canções de Vicente Celestino, Francisco Alves, Carlos Galhardo no rádio de válvula e o menino descobria um mundo.

Quando o Elvis estampou as telas dos cinemas, foi encanto total.

Em 1968, aos 16 anos, Antônio Fernandes Batista começou a colecionar os discos do ídolo. Não demorou a se tornar Tony Elvis.

O apelido pegou bem antes de Antônio cogitar trabalhar com música.

Até chegar à loja, que é realização, ele trabalhou na roça, em padaria, empresa metalúrgica, fábrica de brinquedos, restaurantes e, por 17 anos, foi bancário.

– Nas viagens que eu fazia pelo banco para São Paulo eu deixava de almoçar para gastar o dinheiro em discos. O apelido começou aí.

Na década de 90, o banco passou por recessão e Tony foi demitido.

A ideia de abrir uma loja de música falou mais alto que o plano da lanchonete.

– Eu me sinto feliz em estar aqui. Só vou em casa para dormir e não perco um dia de serviço.

Tony, 65 anos, chega na loja antes das 8h e só volta para casa depois das 18h. Diz que não sabe o que é férias. O tempo máximo que fica longe dos seus discos é de cinco dias.

Em casa, não tem um só álbum. Está tudo na loja, que é lar.

– Aqui, eu fico mais feliz. Em casa, eu sou solitário.

Há 15 anos, todo agosto Tony organiza uma festa em memória à Elvis. Começou com 35 convidados e hoje chega a receber 350 pessoas.

– O Elvis é um homem dourado com voz de ouro. Daqui a 100 anos ainda vão falar dele. Vai ser um cara eterno na música O mundo perdeu Elvis cedo.

Tenta explicar a admiração que colocou no nome do filho. O caçula leva Elvis no registro, fazendo jus ao apelido do pai.

– Tive quatro filhos. Pelo menos um deles tinha que ter Elvis no nome.

Nos gostos musicais, Tony faz questão de parar no tempo.

– Menina, hoje eu nem sei quem é quem. Se eu for pegar alguma coisa para ouvir é rock dos anos 60, Beatles, Elvis.

Sabe que na loja não pode repetir o feito, entretanto. E vai se modernizando. Diz que hoje a febre é o pen-drive, que os clientes querem rechear das músicas que gostam.

E fala com pesar que sempre teve o pé atrás com o CD, que foi febre, mas hoje não tem prestígio.

– O CD é uma coisa fria, você não vê. O vinil é uma obra de arte. Você está manuseando.

O rock´n roll é carro chefe da loja, para a alegria de Tony. Os discos de rock saem tanto que é difícil ter estoque.

Mas, ele diz, tem cliente para todo gosto.

– Eu gosto de ter o que o cliente quer. Se não tem para oferecer, eu fico triste.

Não há um único dia em que Tony passe em silêncio. Sua rotina é embalada por música. E ele quer que assim seja, por tempo indefinido.

– Eu acho que esse mundo sem música seria muito triste. A música eleva. Seria um velório esse mundo sem música.

Tony é Elvis e muito mais. É música, em tudo de si.

 

 

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1 Comentário

  1. mauricio de oliveira

    Bom dia amigos! Só achei que a Daniela esqueceu de comentar sobre o grande amigo, paizão, companheiro que o Tony é. Para mim, é uma pessoa especial. Gosta de ajudar à todos, mesmo que isso o prejudique, uma grande pessoa…
    Simples e sincero, como todos deveriam ser…
    Parabéns Tony e obrigado por ser meu amigo…

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