Quem sonhou primeiro foi a mãe.

O irmão de Flávia era cantor e, quando Rodrigo nem estava nos planos, ela já dizia que queria ter um filho cheio de voz.

A vida tem os ouvidos bem atentos – hoje Flávia sabe bem.

Com quatro anos, Rodrigo Junior já mostrava que era tudo o que a mãe sonhara. Fingia segurar o microfone e soltava a voz. Quando ganhou o primeiro violão, pequenino de cor azul, era a banda completa se exibindo pela casa.

Com 7 anos, dava canja em barzinhos e aos 8 participou de um programa de talentos na televisão. Não ganhou, mas decidiu ali que queria seguir pelo caminho da música.

– Foi uma motivação para aprender mais, continuar.

Hoje, com 14 anos, cantando sertanejo, se exibe pelos palcos de Ribeirão Preto e região.

Nas redes sociais, ultrapassa os limites geográficos. A página do Facebook tem mais de 46 mil curtidas, além dos fãs clubes já criados.

Um dos seus clipes tem mais de 3,5 milhões de visualizações. E as fãs estão espalhadas mundo afora. Até na África a voz do adolescente é trilha sonora para a meninada.

Foi preciso muita caminhada para chegar onde está. Caminhada doce, há que se dizer.

Rodrigo vendia cocadas pelas ruas de Ribeirão Preto para conseguir pagar a gravação do seu primeiro CD.

– Eu penso que se eu ficar parado ninguém vai me conhecer. Não vou conseguir realizar meu sonho! Deus não ajuda quem não faz nada. Deus ajuda quem cedo madruga, não é assim?

Agora, prestes a lançar o quarto clipe, ele diz que está só no começo do caminho. E, certo de que consegue chegar, sonha longe.

– O objetivo é ser reconhecido no país!

A história das cocadas ganhou os holofotes nacionais.

Um cliente fez um vídeo de Rodrigo vendendo as delícias e cantando pelo Centro de Ribeirão Preto e a filmagem viralisou na internet.

O adolescente, com 13 anos, foi parar no programa do xará, Rodrigo Faro. E, então, conseguiu o dinheiro que faltava para gravar o tão sonhado CD.

Foram quase três anos de tentativas.

A família tinha se organizado e pagava a gravadora com o aluguel de uma casa que tinham em Itápolis. O imóvel pegou fogo e não sobrou nada.

O CD de Rodrigo, que ainda estava no forno, teria que ficar para depois.

Mas o menino, com 12 anos na época, não aceitou notas tão desafinadas. Decidiu vender cocadas. No horário inverso à escola, ia com a mãe para o trabalho e vendia suas delícias.

– Eu também cantava! Quando as pessoas sabiam para o que era a venda, pediam para eu cantar.

Numa das cantorias, virou vídeo, que foi parar na televisão.

Hoje, Rodrigo não vende mais cocadas. Nos barzinhos de Ribeirão, vende os CDs que conseguiu gravar com ajuda do programa e faz shows pela região toda.

O dinheiro que ganha é para investir na carreira.

A mãe largou o trabalho de vendedora para estar junto com o filho.

Fizeram amigos da música em Goiânia e na semana retrasada estavam por lá, gravando o novo clipe.

Rodrigo quer cantar Brasil afora. O objetivo final do sonho, porém, é simples.

– Quero ter uma boa casa, uma família e fazer o que gosto.

E quer sempre algo a realizar:

– Eu quero poder realizar um sonho para sonhar mais sonhos. Num ciclo infinito!

A mãe, primeira sonhadora de toda a história, está ao lado do filho em cada passo. Vai com ele a todos os shows, atende os fãs, cuida das redes sociais e da agenda.

– Todo dia é uma batalha. Tudo que a gente conquista é com luta. Muita luta mesmo.

É ela quem diz.

O orgulho do seu pequeno cantor fica estampado no sorriso de ponta a ponta.

Quando Rodrigo fala de suas inspirações musicais, a mãe vai complementando.

– Chitãozinho e Xororó, Luan Santana, Cristiano Araújo, Felipe Araújo, rock clássico…

O menino diz.

– Elis Regina, Bon Jovi.

Flávia complementa.

A música, para mãe e filho, é o que alegra os dias.

– A música é uma coisa boa. Deixa a gente relaxado, é inexplicável. Quando eu tô alegre, eu canto. Quando eu tô triste, eu canto também!

É Rodrigo quem diz, enquanto a mãe concorda com a cabeça.

O menino está no começo do caminho.

Mas sonhando em dupla com a mãe quem duvida que chega lá?

 

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