-Já nasci underground por natureza!
Dudu Palandre é um dos nomes da House Music no Brasil e coleciona shows fora do país, com renomados rótulos internacionais.
Com a dupla Anhanguera, conquistou o seleto público que curte música eletrônica alternativa.
Antes de toda realização, porém, colecionou baladas tortas e madrugadas de muito trabalho. Pensou em desistir. Repensou. E, ainda hoje, diz que a música não trouxe retorno financeiro.
Sabe, porém, que a sua batida é motivada por outro tipo de nota.
– Fazer música e tocar é meu maior prazer. Seria uma grande frustração, depois de todo o meu empenho, ter que parar e me tornar uma pessoa normal.
Dudu cresceu em Sertãozinho e começou a trabalhar aos 13 anos, para aliviar as contas apertadas dos pais.
Foi paixão à primeira vista. Ou, primeira audição, para ser exato. Início da década de 90, estava assistindo à transmissão de um Rock in Rio pela televisão e viu um DJ tocando.
– Me apaixonei na hora!
Usava o som de casa para brincar e começou a frequentar lugares com DJ, para admirar o trabalho. Em Sertãozinho, a música eletrônica da época se restringia ao som comercial.
E foi por onde Dudu começou.
Começou a trabalhar na parte de iluminação de uma boate e, atento ao som, ia aprendendo a tocar.
Aos 17 anos, o DJ escalado para aquela noite faltou e Dudu foi chamado para resolver o susto. Passou, então, a abrir a casa como DJ oficial.
Foi nessa mesma boate que começou o que ele considera ter sido o primeiro projeto de música eletrônica da região de Ribeirão Preto.
Lançou o Moving, um encontro de música eletrônica alternativa. E foi, cada vez mais, se encantando por esse caminho e encontrando a House Music.
O encontro com Décio Deep, sua dupla na Anhanguera, aconteceu nessa fase de adolescência, antes mesmo do Mooving.
O amigo tinha um par de CDJs que, na época, era novidade no país. Foi a deixa perfeita para o início da amizade.
Antes de decidirem começar a dupla, porém, cada um foi conquistar a música de um lado. Décio passou um tempo fora do país, Dudu fez faculdade de Publicidade e Propaganda e trabalhou um tempo na área.
– Meu amor tá na música. Tá no meu coração!
Em 2004, os dois se reencontraram musicalmente.
O nome da dupla surgiu pelo caminho de encontro. Décio morava em São Paulo e Dudu em Ribeirão. A Anhanguera era a via que os ligava.
– É também como os índios chamavam os bandeirantes.
Estava criada a nova batida!
Logo no início do Anhanguera, Dudu e Décio tiveram uma música gravada em um CD da MTV.
– A produção no Brasil estava começando. Foi um orgulho ser pioneiro não só em Ribeirão, mas nacionalmente também.
Como no Brasil o som estava começando a pegar, Dudu resolveu buscar contatos fora do país. E a Anhanguera começou a ganhar novos ouvidos.
Conquistaram selos europeus, tocaram no Winter Music Conference (um dos principais eventos de música eletrônica do mundo), fizeram turnês internacionais.
A música Gangsta Melody saiu em um EP com mais três artistas internacionais, sendo o primeiro lançamento em vinil do Anhanguera, pelo selo francês RobSoul.
– Gente do mundo inteiro toca o nosso som. É pretensioso, mas acho que somos o maior nome da House Music no Brasil.
O orgulho de Dudu extrapola as batidas. E dá à música mais argumentos para continuar.
– A música me fez conhecer lugares, pessoas, culturas. Tenho amigos pelo mundo todo.
– Eu fui zoado pelos meus amigos quando comecei. Ninguém conhecia aquele tipo de som. Era marginalizado, visto como música de maluco. Mas continuei persistindo.
A descrença do passado não faz mais parte da rotina de Dudu.
A persistência, porém, ainda é necessária.
– Eu continuo persistindo até hoje. A House nunca some, mas fica em plano de fundo.
A tecnologia, entretanto, trouxe valorização.
– Eu vou morrer, minha carreira vai acabar, mas, enquanto existir a nuvem, minha música vai estar lá.
Faz referência ao som do Anhanguera, que integra o repertório de aplicativos como o Spotify.
Conta que o primeiro “parabéns” do pai veio quando ele voltou da turnê pela Europa, em 2009, já depois de décadas fazendo seu som.
– Acho que foi a primeira vez que ele entendeu que estava dando certo.
Quando está tocando, se sente especial. Como nesse primeiro “parabéns”.
– Naquele rasgo do tempo eu sou um dos caras mais felizes. É o auge da minha felicidade. Uma sensação que não se compara.
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Parabéns Dudu, Parabéns Daniela por contar a historia desse garoto, menino, hoje um homem de sucesso, sou testemunha e fã dessa peça rara. Espaço muito merecido e que seu sucesso seja cada dia maior. Forte abraço Dudu.
Competente e dedicado, merece o espaço na musica alternativa no Brasil e no mundo, acompanho o trabalho dele desde xiiiiiiii!, muito tempo e sei do profissionalismo deste cara talentoso.