Por Daniela Penha
Morreu três semanas atrás a professora Sueli Danhone, assistente social que fundou a Casa das Mangueiras.
O nome dela estava anotado no caderno de histórias que eu quero contar aqui, no História do Dia.
Não deu tempo.
Quando comecei a ligar para Sueli, no telefone residencial que consegui encontrar, ela já não atendia. Fui saber dias depois o motivo. Enfrentava problemas de saúde que lhe levaram desse mundo.
Sueli partiu e levou suas memórias, suas opiniões, sua história.
Me disseram que, na ditadura, ela resgatava crianças presas em celas pelos militares. Me disseram também que ela foi uma das mulheres que mais lutou pelo direito dos pequenos em Ribeirão Preto.
Me disseram muitas coisas. Sueli não me disse nada.
Partiu sem contar ao mundo sua história. Sem dizer o que sentiu sobre tudo o que viveu, sobre tudo o que viu.
A história contada por terceiros é também repleta de sentidos. Mas jamais será igual à história contada por quem a vive. O protagonista de uma história a vê por dentro. Ele conta a história que mora dentro de si.
Quando pensamos (eu Daniela Penha, com a ajuda do meu marido Cristiano Pavini) o História do Dia, tínhamos bem claro o objetivo do projeto.
Resgatar e compartilhar as histórias de todo tipo de gente, valorizando gente de todo tipo e permitindo que essas histórias – tão únicas e singulares – não se percam com o tempo.
O tempo passa, não há como mudar essa certeza universal. Nós partimos desse mundo. E o que fica? A história que escrevemos, a trajetória que construímos, nosso legado.
É preciso registrar o que somos, dando sentido à vida e deixando às gerações que chegam um pouquinho do que vivemos enquanto indivíduos desse mundo.
Eis o principal objetivo do História do Dia e o texto que abre essa série de artigos opinativos que eu começo a publicar nessa página, “Contar é preciso”.
Contar é preciso. Por que? Como? Quais os recursos? É o que eu – e os especialistas ouvidos nessa seção – queremos responder.
Sueli partiu levando uma história que, como todas, merecia ser contada.
Eu fiquei. Com a sensação de que perdi uma grande história…
Mas ainda mais certa dos propósitos que me trazem a esse projeto.
Contar é preciso!
Assine História do Dia! Nos ajude a continuar contando histórias!
Contar é preciso. Sempre. E com sua sensibilidade você nos envolve em histórias reais extraordinárias. Um aprendizado humano.