Cristina passou mais de uma década buscando solução para as dores causadas pela fibromialgia.
Garante que o alívio só veio há três anos, quando começou a realizar trabalhos voluntários.
– Eu me sinto em equilíbrio físico, emocional e psicológico. Não tenho mais dores e, então, me esqueço da doença. E isso é tudo na minha vida.
A fibromialgia é uma síndrome que causa, entre outros sintomas, dores intensas por todo o corpo.
Não buscou o voluntariado pensando nisso: é preciso dizer. O caminho surgiu naturalmente. O bem foi chegando e se aconchegando, como quem muito quer.
Na infância e adolescência, Cristina Cerne dos Santos, 49 anos, conta que fazia trabalhos voluntários e participava dos grupos de evangelização na igreja que a família frequentava.
O pai veio da Itália fugindo da guerra, a mãe era dona de casa e aos 14 anos Cris começou a trabalhar como secretária de um escritório para somar às contas da casa.
Aos 17, ela conheceu o namorado que, três anos depois, se tornou marido. Nessa mesma época, começou a trabalhar como decoradora. E, entre tantas mudanças na vida, foi deixando de lado o trabalho voluntário.
Teve dois filhos, se aperfeiçoou no trabalho, comemorou bodas de casamento e só foi retomar as ações que tanto gostava três anos atrás.
Nunca é tarde para o bem, hoje ela sabe.
A filha decidiu organizar uma festinha de Natal para crianças de uma instituição social, com entrega de brinquedos. No dia da comemoração, faltou o Papai Noel.
Cris avisou que poderia fazer o papel de “boa velhinha”. Mas sequer imaginou onde aquela única ação poderia levar.
– Comecei a me envolver!
Naquelas semanas, o marido de uma grande amiga perdeu o emprego e ela soube que a família estava com dificuldades até para se alimentar.
– Comecei a pedir ajuda para os meus amigos em particular. E arrecadamos muita coisa! Eu percebi que não era difícil conseguir doações.
O próximo passo foi criar um grupo no whatsapp. Na hora de batizar, criou uma rede de doadores. O “Amigos solidários” começou com 30 integrantes e hoje são quase 100.
Acompanham 48 famílias, sendo que 35 delas recebem cestas de alimentação todo mês, feitas com as doações de mantimentos que o grupo recebe.
Além disso, os amigos organizam festas de Páscoa, Natal, correm atrás quando uma família precisa de roupas, fraldas, algum tipo ajuda.
Para Cris, porém, há uma questão que norteia todas as ações.
– Não é assistencialismo. É assistência social. A gente doa, mas também procura entender porque a pessoa está naquela situação e busca ajudá-la a mudar.
Ela matricula quem está sem emprego em capacitações, procura trabalho para quem é capacitado, procura ajudar a família a se estruturar.
Advogados voluntários também integram o grupo. Entre as ações que eles coordenam, estão os processos por medicamentos para quem precisa e não sabe como fazer cumprir seus direitos.
– Eu acredito que o trabalho e a educação são capazes de mudar a vida dessas pessoas. É maravilhoso quando eu chego na casa de uma família e ela já não precisa mais de doações.
Além do grupo que criou, Cris participa em pelo menos outras cinco organizações sociais. Toda quarta-feira, faz comida para moradores de rua de uma ONG.
Diz que só não faz mais porque precisa dividir o tempo com o trabalho de decoradora. E, mesmo com tudo isso, não se vangloria.
– Por mais que a gente faça, fica a sensação de que poderia estar fazendo mais…
Nos últimos três anos, descobriu muito sobre si mesma.
– Eu sou muito curiosa. Sempre quero saber como posso ajudar, por que a pessoa está enfrentando aquilo, o que tal ONG faz. Fico buscando o tempo todo!
Teve que aprender a reorganizar os pensamentos. Ajudar o outro trouxe a reflexão sobre o que é supérfluo e o que pode ser melhor reaproveitado.
Passou, então, a guardar materiais de construção que seriam descartados nas obras que faz. Utiliza sempre que alguém precisa. Pias, privadas, cubas: tudo pode ser reutilizado.
– Foi um encontro comigo mesma. Um resgate.
Cris conta que, depois que começou a ocupar a vida com trabalho voluntário, passou a sentir alívio das dores que tanto atrapalhavam a rotina. Os analgésicos foram sendo tirados pouco a pouco. Tudo com acompanhamento médico, claro.
– Hoje, eu não me lembro mais da doença. As dores foram embora sem que eu percebesse.
É na casa dela que ocorrem as reuniões do grupo.
– Todo mundo se ajuda! A gente conversa, troca os problemas, faz oração.
E o bem, então, vai e volta como um ciclo.
Para o futuro, planeja uma “aposentadoria diferente”.
– Ainda vai chegar a hora em que vou deixar o trabalho como decoradora e me dedicar só ao trabalho voluntário.
Tem seus motivos:
– É uma missão. É Deus agindo de todas as formas. O trabalho voluntário me abriu portas para o conhecimento, aprendizado, trocas de experiência. Aprendi a respeitar as diferenças. E agradeço por tudo o que eu tenho.
Fazer o bem é viver o bem: Cris, agora, tem certeza.
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Muito bom, parabéns!!!
Não tem trabalho melhor do que poder doar um pouco de si ao próximo a gente só recebe o bem…e quando Deus está em todas as ações aí tudo flui maravilhosamente lindo trabalho meus parabéns…
Sou grata por ter A amizade dessa mulher linda humilde e batalhadora amiga que não mede esforço para ajudar . Deus lhe abençoe grandemente .