Meteorito Saulo Gomes estava no Museu Nacional do Rio de Janeiro

3 setembro 2018 | Gente que inspira

O tesouro que Saulo Gomes guardou por 47 anos pode ter se perdido junto às cinzas em que se transformou grande parte do acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Era 1967. Houve uma explosão na região de São Simão e muita especulação começou: seriam discos voadores? Saulo Gomes, um dos maiores repórteres investigativos do país, que atuava pela TV Tupi na época, partiu investigar.

Esbarrou nos três pedaços que, soube depois, se tratavam de meteoritos. Doou parte de seu tesouro para o Museu Nacional do Rio de Janeiro em 2014.

Exibe as fotos que tirou com a curadora da meteorítica da instituição na ocasião, Elizabeth Zucolotto. Ela veio até Ribeirão Preto buscar o acervo precioso. Ontem, quando soube do incêndio, Saulo conta que ligou para a curadora. A encontrou desolada. Aos prantos pelo “seu museu”.

Meteorito Saulo Gomes estava no Museu Nacional do Rio de Janeiro

A tristeza contagia. Não há quem não a sinta. “Isso é um verdadeiro desastre para a cultura brasileira e a prova da irresponsabilidade das autoridades em relação ao maior e mais tradicional museu do país”, nas palavras do jornalista.

Em agosto de 2009, através de uma reportagem do jornalista João Garcia, que era diretor do Jornal A Cidade, Ribeirão soube da existência das preciosidades guardadas por Saulo.

As pedras foram enviadas pelo Departamento de Petrologia e Metalogenia da Unesp de Rio Claro para um laboratório do Canadá, que constatou que eram, de fato, um condrito ordinário: tipo comum de meteorito, composto pela mesma matéria que deu origem ao sistema solar.

Saulo decidiu doar parte do seu “tesouro” para o acervo do Museu Nacional, o maior de História Natural da América Latina, como forma, inclusive, de colaborar para as pesquisas sobre o Universo.

Meteorito Saulo Gomes estava no Museu Nacional do Rio de Janeiro

O meteorito foi batizado de Saulo Gomes. O descobridor não parece ter esperanças de encontrá-lo intacto: “Tudo virou cinzas”.

O meteorito Bendegó, considerado um dos maiores do planeta, ficou intacto após o incêndio, conforme apurou O Globo. A direção do museu ainda não sabe precisar o quanto foi perdido no local, entretanto.

Neste domingo (2), a história do Museu Nacional foi marcada pelo seu próprio apagamento. Saulo – e cada brasileiro – têm uma perda imensurável para lamentar.

 

Saulo Gomes 

O jornalista investigativo Saulo Gomes combateu a ditadura, foi preso político, fez rádio, TV, entrou em lugares onde pouca gente teria coragem de entrar. Soma 61 anos de carreira no Jornalismo, com muita história para contar. Clique AQUI e leia a história de Saulo no História do Dia.

 

Crédito das fotos: arquivo pessoal Saulo Gomes

 

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